Aquífero Guarani diminui com a falta de chuvas
Com a falta de chuvas nesta época do ano, o volume de água no Aquífero Guarani acaba diminui, tendo uma variação de seis a sete metros, durante a seca. Segundo especialistas, isso é normal, mas caso não chova dentro do esperado para a estação da cheia, pode se tornar um problema.
O professor Edson Wendland, do Departamento de Hidráulica e Saneamento da Escola de Engenharia de São Carlos da USP (EESC-USP), explicou o sistema de reposição de água no Aquífero Guarani. “É normal na época da seca que o volume de água no Aquífero Guarani diminua, mas quando chega outubro, as chuvas começam a repor o manancial, fazendo com que exista uma variação entre uma época e outra entre seis e sete metros. Isso acontece todos anos”, esclarece.
Wendland destaca que no momento não há preocupação com a reserva de água no Aquífero Guarani, mas se a quantidade de chuva for abaixo do esperado, como aconteceu nos últimos anos, a situação muda. “No momento a situação da reserva não é preocupante, mas se a época da seca for muito prolongada, como aconteceu nos últimos anos, onde a precipitação foi muito abaixo do esperado, pode se tornar preocupante, pois o aquífero armazena água no período chuvoso”, observa.
De imediato, a preocupação maior pode ser a fonte de água superficial, que são as águas que escoam ou se acumulam na superfície do solo, como os rios, riachos, lagos, lagoas, pântanos e barramentos artificiais (açudes ou barragens) e não subterrânea, no caso aquíferos. “O necessário é uma preocupação com as reservas de águas superficiais, pois elas acabam primeiro. Quando percebemos que não existe mais esta forma de água, que está secando, é preciso ligar o sinal de alerta, pois a reserva de água no aquífero é maior que a reserva de água superficial, que está em maior risco”, comenta Wendland.
De acordo com o professor, não existe uma avaliação local ou regional para saber quanto existe de água armazenada no Aquífero Guarani, devido a isso, não tem como saber quanto tempo é possível suportar a falta de chuvas e, São Carlos e região.
CAPTAÇÃO
De acordo com dados do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae), 53% da captação para abastecer a cidade vêm dos 26 poços artesianos, 47% são distribuídos pela captação de superfície nos córregos do Feijão (30%) e Espraiado (17%).
Mesmo com a falta de água em diversas cidades da região e a preocupação, o racionamento em São Carlos foi descartado pelo Saae.
AQUÍFERO
Aquífero Guarani foi o nome que, em 1996, o geólogo uruguaio Danilo Anton propôs para denominar um imenso lençol subterrâneo de água que abrange partes dos territórios do Uruguai, Argentina, Paraguai e principalmente Brasil, ocupando cerca de 1.200.000 km² na América do Sul.
Na ocasião chegou a ser considerado o maior do mundo, capaz de abastecer a população brasileira durante 2.500 anos, mas novos estudos revelaram não ser bem assim. Um estudo desenvolvido pelo geólogo José Luiz Flores Machado, do Serviço Geológico do Brasil, concluiu que 70% de fato, o aquifero existe no subsolo do centro-sudoeste do Brasil alcançando oito Estados. Em território paulista São Carlos, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto e Presidente Prudente, se abastecem por água subterrânea extraída dele. Já em Santa Catarina e Paraná, o aquífero não é potável, por excesso de sais. Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais são estados que requerem mais estudos, embora neles as águas tendam a ter boa qualidade, estando a melhor parte mesmo em São Paulo.