Quem são os maiores rentistas do país?
O Brasil apresenta uma alta taxa de juros quando comparada ao resto do mundo. Logo, algumas situações peculiares surgem no país, entre elas a figura de rentistas; isto é, aqueles que conseguem uma taxa de lucro significativa sem grandes riscos, fazendo somente empréstimos ao governo.
Antes de tudo, é importante detalharmos um pouco da dívida pública. Assim como ocorre com qualquer pessoa, quando o governo gasta mais do que arrecada, há a necessidade de se endividar. Um importante índice para esse monitoramento é o chamado resultado primário (de maneira simplificada, são as receitas menos despesas); quando observamos um superávit primário, há uma tendência de queda da dívida e quando há um déficit primário, a tendência é de aumento da dívida.
Mais comum do que falarmos dos valores em reais é compararmos o resultado com nossa capacidade produtiva (PIB). Em 2016, por exemplo, tivemos um déficit primário 2,47% do PIB (aproximadamente 155 bilhões de reais). Essa mesma metodologia se aplica, também, a dívida total (acumulo de déficits). Os principais índices da dívida pública são a dívida pública total, dívida líquida total do governo central e a dívida do setor público. Nos últimos anos os três vêm aumentando rapidamente, o que gera maior risco de calote e, consequentemente, contribui para juros mais altos. Uma das grandes discussões atuais é como ajustaremos essa perigosa trajetória.
Em relação a essa dívida que é gerida pelo Tesouro Nacional, menos de 4% é com credores internacionais; ou seja, a maior parte é interna. Desta dívida interna, há diferentes tipos de remuneração, sendo que a maior parte é composta por títulos indexados à taxa Selic e à inflação, e por títulos pré-fixados.
Por último, ainda de acordo com o Relatório Mensal da Dívida Pública Federal, o maior detentor da dívida brasileira são os fundos de previdência; seguido desses, temos em valores quase iguais fundos de investimentos e instituições financeiras (tesourarias).
Portanto, a maior parte da dívida brasileira é devida para nós, brasileiros, através de contraparte para nossos depósitos bancários, instrumentos para aposentadoria e aplicações em fundos de investimentos.
Lucas Losnak Harris – Consultor Financeiro da Compass Consultoria
