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Salvo por um triz

09/06/2017 11h38 - Atualizado há 7 anos Publicado por: Redação
Salvo por um triz

Quem não gostaria—culpado ou inocente—de escapar do perigo por um triz? Eu sugeriria ao Presidente que lesse este trecho do jornalista Hélio Schwartsman na Folha de S.Paulo: “ No caso de Michel Temer, há a gravação em que ele teria chancelado o pagamento de propina para silenciar Eduardo Cunha”. Bastaria tirar o “h” de “chancelado”. Estaria salvo diante da lei por um pequeno auxiliar de fonema—“h/ch”—da nossa língua. E ele, como advogado, que gosta de resgatar provas no passado—“tê-las-ei muitas se…”— poderia até argumentar que o “h” teve seu apogeu no histórico da língua —“ philosophia” , “photographia”—mas que, atualmente, muitas vezes atrapalha, como no exemplo acima—“chancelado/cancelado”. 

Talvez, para ele, valha a pena continuar o “h” em “herói” e “hierarquia” . Apesar de só ter um valor gráfico, resgata um passado histórico greco-romano e o respeito às  instituições. Alguém pode contra-argumentar que estas andam frágeis entre nós e que os valorosos sobrenadam para salvar-se. Porém, os interessados  argumentariam que o “h” continua em “homenagem”, cuja roupagem tem sabor histórico e, portanto, justifica a sua presença . E acrescentariam que na mesma direção estão “honra” e “honestidade”, que dão suporte ao cerimonial para os que estão no poder. Afinal, não fosse assim, como justificar os “holofotes”? E dariam o xeque-mate, dizendo que a língua é direito democrático por excelência— pertence a todos.

O jeito , então, é esperar uma próxima Reforma Ortográfica , que mantenha o “h” que salve, ou condene, por um triz. 

(*) Professor de português e revisor de textos. 

 

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