Balanço mostra queda em produção de lixo domiciliar durante pandemia
Associações apontam que queda está relacionada com a pandemia
Balanço realizado pela Associação Brasileira de Empresas de
Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) e pela Associação Internacional
de Resíduos Sólidos no Brasil (ISWA) mostrou que a geração de resíduos
domiciliares no país caiu 7,25%, em abril, na comparação com o mesmo período do
ano passado. A pesquisa foi feita junto a empresas que representam 60% do
mercado privado de limpeza urbana e que atuam em todas as regiões do Brasil.
“Historicamente temos observado que a geração de resíduos guarda relação direta
com o poder aquisitivo e hábitos de consumo de cada sociedade. Nada influencia
mais na decisão de compra do consumidor do que instabilidade e retração
econômica. De acordo com o resultado da pesquisa, observamos uma tendência de
redução na produção de resíduos, que deve permanecer até que a economia volte a
dar sinais de retomada”, disse o diretor presidente da Abrelpe, Carlos Silva
Filho.
O estudo indicou que a coleta de materiais recicláveis aumentou entre 25% e 30%
no período, o que não indica aumento da reciclagem na mesma proporção. Segundo
os dados, boa parte do volume coletado tem sido encaminhado para os aterros
sanitários devido ao fechamento ou diminuição da atuação nas unidades de
triagem em diversas cidades. “Esse crescimento mostra que tem havido uma
alteração no perfil dos resíduos gerados, com menos orgânicos e mais
embalagens, consequência do aumento do mercado online para alimentação ou itens
em geral”, analisou Silva Filho.
Com relação aos resíduos de serviços de saúde, os dados mostram redução de
15,6% no país. Segundo Silva Filho, isso indica que o Brasil caminha na direção
oposta à tendência mundial, que tem sido de crescimento. Uma das possibilidades
para a variação negativa é que haja deficiência na segregação de materiais infectantes
e na destinação inadequada, o que traz diversos riscos para a população em
geral, para os trabalhadores do setor e para o meio ambiente.
Silva Filho avaliou ainda que as medidas adotadas desde o início da pandemia
pelas empresas operadoras dos serviços de limpeza urbana e manejo de resíduos
conseguiram proteger a saúde dos trabalhadores e a continuidade dos serviços.
“No entanto, algumas decisões recentes, tais como a de retirar tais atividades
da lista de serviços essenciais e para ampliação das restrições de circulação
nas cidades sem isenção para a limpeza urbana, têm prejudicado diversos
serviços e intensificado os temores dessa mão de obra que tem sido
indispensável no combate ao coronavírus”, concluiu.