Doria se diz chocado com vídeo de agressão de PM em baile funk
Após a morte de nove pessoas em um
pancadão de Paraisópolis, a gestão João Doria (PSDB) quer usar
drones e câmeras nas fardas dos policiais militares para filmar
todas as operações realizadas em São Paulo. O governador disse,
ainda, ter se chocado ao assistir um vídeo de agressão no baile
funk da comunidade e admitiu, pela primeira vez nesta última
quinta-feira, 05, a possibilidade de revisar protocolos das
polícias.
Na
segunda-feira, logo após a tragédia, Doria havia declarado que os
procedimentos da PM seriam mantidos e defendeu a ação dos agentes
em Paraisópolis, embora a versão oficial seja contestada por
moradores de Paraisópolis. Três dias depois, no entanto, o
governador evitou fazer críticas aos pancadões e admitiu a
possibilidade de ajustes na conduta policial.
“Se
existirem falhas, e elas forem apontadas, aqueles que falharam serão
punidos”, afirmou, em evento no Palácio dos Bandeirantes.
“Independentemente disso, a Polícia Militar e a Polícia Civil
já foram orientadas a rever protocolos e identificar procedimentos
que possam melhorar e inibir, senão acabar, com qualquer perspectiva
da utilização de violência e de uso desproporcional de força.”
Na
ocasião, o governador anunciou a entrega de mais cem drones para a
PM e de um “antidrone”, equipamento que inutiliza drones
invasores e que deverá ser usado em um presídio da Grande São
Paulo. No evento, o secretário da Segurança Pública de São Paulo,
o general João Camilo Pires de Campos, também afirmou que, entre os
usos, pretende empregar os equipamentos para gravar ações
policiais.
“Todas
aquelas operações que estão planejadas ou em curso serão
gravadas, porque isso, acima de tudo, protege a ação do policial e
esclarece àqueles que estão no comando se há alguma possibilidade
de ajuste ou não”, afirmou o secretário. Segundo o general, a
SSP pretende, ainda, usar câmeras nas viaturas e body cams (câmeras
que ficam instaladas na farda do policial) para fazer as
filmagens.
Para a
gestão Doria, o uso dessas tecnologias poderia ter evitado, por
exemplo, o conflito de versões em Paraisópolis. Enquanto a PM
afirma que o tumulto no baile funk começou após dois criminosos em
uma moto passarem atirando contra os agentes, os moradores dizem que
foram os próprios policiais que teriam provocado a tragédia ao
tentar realizar uma dispersão truculenta no pancadão.