Einstein e Sírio afastam 450 funcionários
A covid-19 chegou com força ao pessoal médico e de
enfermagem e a funcionários que lutam contra a doença nos principais hospitais
de São Paulo. Levantamento dos Hospitais Sírio Libanês, com 104 afastados, e
Israelita Albert Einstein, com 348, já somam 452 profissionais da área da saúde
afetados. Além disso, um levantamento do Sindicato dos Servidores de São Paulo,
com dados do Diário Oficial da Cidade, aponta que de 1.º a 28 de março houve
1.080 afastamentos na rede pública por suspeita de contaminação.
Em nota, divulgada nesta segunda-feira, 30, o Einstein informou que “348
dos 15 mil colaboradores (2%) foram diagnosticados com a doença, e 13 estão
internados”. De acordo com o hospital, “desses, 169 (1%) são da
assistência (profissionais com formação em saúde, como médicos, enfermeiros e
técnicos de enfermagem) e 47 deles já retornaram ao trabalho.”
Para a presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Estado de São Paulo, Solange
Caetano, a situação dos servidores e funcionários da saúde é muito grave também
pela escassez de materiais de trabalho. “Falta macacão, gorros, máscaras,
álcool em gel.” Ela alertou que os trabalhadores dos hospitais e unidades
de saúde estão reclamando da falta de equipamentos de proteção individual
(EPI), o que prejudica as condições de trabalho em diversos hospitais,
ambulatórios, Upas e Amas.
“Vamos pedir ao governo do Estado que compre mais desses equipamentos de
proteção”, afirmou ela. “O governo precisa intervir para a produção
de máscaras e vestuário de proteção”, afirmou.
De acordo com a enfermeira Ana Lúcia Firmino, que trabalha em uma unidade de
atendimento especializado em Santana, o material para a enfermagem deve durar
somente até o fim desta semana. “Hoje, segunda-feira, temos insumos. Mas o
material deve durar somente até o fim desta semana”, alertou. A enfermeira
contou que a dificuldade ocorre tanto no setor público quanto nos hospitais
privados. Já enfermeiros que trabalham no Hospital do Mandaqui relatam que pelo
menos dois colegas estão hospitalizados, uma delas há UTI, com covid-19.
No Sírio, a informação nesta segunda-feira era de que houve 104 afastamentos de
funcionários contaminados pela doença. O hospital esclareceu que esse total
envolve desde médicos a pessoal da enfermagem, limpeza e auxiliares
administrativos. Desde 25 de fevereiro, data do registro do primeiro caso da
covid-19, “348 dos 15 mil colaboradores (2%) foram diagnosticados com a
doença, sendo que 13 estão internados”. O levantamento do hospital aponta
que “desses, 169 (1% do total de funcionários) são da assistência
(profissionais com formação em saúde, como médicos, enfermeiros e técnicos de
enfermagem), e 47 deles já retornaram ao trabalho.”
Mortes
Nesta segunda-feira, o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) anunciou
pesar pela morte do técnico de enfermagem José Antonio da Boa Morte, vítima da
covid-19. “José Antonio era técnico de enfermagem nos serviços de
ambulância e foi afastado do serviço assim que manifestou os sintomas.” É
a segunda comunicação de morte pela covid-19 feita pela entidade. A primeira
foi no dia 29, falando da perda de Viviane Rocha Luiz, de 61 anos, assessora
técnica do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass).
No início da noite de ontem, Lourdes Estevão, ex-conselheira municipal de saúde
e integrante do Sindicato dos Servidores do Município de São Paulo, disse que a
morte de Jose Antônio é mais um alerta para o que está ocorrendo entre os
trabalhadores da saúde em São Paulo. Ela contou que um levantamento da entidade
no Diário Oficial da capital mostra que já ocorreram pelo menos 1.080
afastamentos de servidores municipais na área da saúde por suspeita da
covid-19. “Os trabalhadores estão apavorados. A cada dia aumenta o número
de infectados, de manhã é um quadro, à tarde, outro”, afirmou.
Com uma média salarial em torno de R$ 2,5 mil, pessoal de enfermarias e
hospitais enfrenta ainda a escassez nos equipamentos, como aventais e
máscaras”, afirmou. Segundo ela, “já há uma explosão de casos
suspeitos”.
A dirigente disse ainda que os suspeitos de infecção também não estão sendo
testados para o novo coronavírus. “Não há testes para eles. Estão
angustiados”, afirmou. “Tem de proteger essa gente porque eles
poderão vir a ficar doentes e terão de ocupar leitos da covid-19, que poderiam
estar prontos para o restante da população”, argumentou. As informações
são do jornal O Estado de S. Paulo.