Grupo de voluntários apura depredação de patrimônio no Rio de Janeiro
O Instituto Estadual
do Patrimônio Cultural (Inepac) começa nesta quinta-feira (27) a apurar
denúncias recebidas durante o carnaval sobre furto, roubo e depredação de
monumentos históricos e artísticos no Rio de Janeiro.
De acordo com Cláudio Prado de Mello, diretor-geral do instituto, a apuração
será feita por voluntários, profissionais de arte e amantes de história
interessados em reduzir o número de furtos, roubos e vandalismo de estátuas e
outros itens históricos do estado. O movimento “Brigadistas do
Patrimônio” – uma ação coletiva sem fins lucrativos que visa preservar
bens públicos – participará do trabalho.
Malfeitores
O consumo de drogas é, de acordo com uma pesquisa feita pelo Inepac, uma das
motivações para depredar o patrimônio público. O estudo levantou que
ferros-velhos pagam entre R$ 6 e R$ 8 por cada letra de bronze de placas
públicas, por exemplo. “Esse é o preço que a gente conseguiu levantar de uma
pedrinha de ‘crack’. Então, os nossos monumentos estão virando elementos para
manter o vício das pessoas. Isso é muito triste”, comentou Cláudio Prado de
Mello.
Outra motivação, de acordo com o diretor-geral, é o mercado negro de
antiguidades e itens históricos. “A gente está falando do mercado negro de
antiguidades que também existe. Não raramente, a gente recebe fotografias de
peças, placas de bronze ou de outros materiais que são oferecidos em
feiras”.
Vandalismo
Cláudio Prado de Mello relata ainda que já havia levado denúncias de depredação
ao Ministério Público do Rio de Janeiro, mas não houve resposta. “Hoje nós
estamos em uma situação catastrófica, porque a gente tem preocupação com a
paisagem da nossa cidade. Esses mobiliários urbanos fazem parte dessa paisagem.
Na medida em que estão dilapidados, destruídos, fragmentados ou simplesmente
faltando alguns elementos, isso acaba sendo muito negativo para o conjunto do
patrimônio histórico. Quando o turista vem e fotografa, isso depõe contra o
nome da nossa cidade para o mundo”. De acordo com os números do Inepac, o
estado do Rio de Janeiro conta com 1.677 bens tombados.
Rede de informação
O grupo Brigadistas do Patrimônio conta com trabalho voluntário de uma rede de
colaboradores, e desenvolve um trabalho de conscientização sobre a importância
de patrimônios públicos. “Muitas vezes a pessoa não tem noção do quanto aquilo
significa em termos de valor ou da parcela da memória daquilo que é preservado.
Mas nos compete, a despeito das dificuldades que a gente vai encontrar dividir
o nosso conhecimento e sensibilizar as pessoas sobre a importância do nosso
patrimônio”, afirmou o Cláudio Prado de Mello.
Para informar vandalismo, furtos ou depredação em bens públicos de arte, o
instituto disponibiliza um canal de comunicação via Whatsapp. O telefone para
denúncias é o (21) 98913-1561. Os casos apurados são comunicados à polícia.