Na Ceagesp, cuidado com a higiene ainda está longe do ideal
Pouca coisa mudou no dia a dia da Ceagesp, o maior centro de
distribuição de alimentos frescos e flores da América Latina, depois da eclosão
da pandemia do novo coronavírus. O entra e sai de caminhões carregados de
frutas, verduras e legumes é constante, já que o setor é considerado essencial
e não pode parar. No entanto, os permissionários, que são os donos das empresas
que alugam os espaços para vender seus produtos – somam cerca de 1,6 mil
companhias -, cobram da direção do entreposto que as rotinas de higiene e
limpeza sejam efetivas para prevenir a disseminação da doença. Entre
vendedores, carregadores, caminhoneiros e clientes, circulam diariamente cerca
de 50 mil pessoas por uma área de 700 mil m².
“O que temos cobrado fortemente da Ceagesp é que todos os protocolos
preventivos necessários exigidos pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância
Sanitária), ministério e secretaria da saúde sejam cumpridos”, afirmou o
presidente do Sindicato dos Permissionários de São Paulo, Fernando Furquim.
Ele disse que a os materiais logo acabam e não são repostos. Nem o sabonete é
suficiente. Na manhã de ontem, a reportagem visitou a Ceagesp e, por volta de
11 horas, o sabonete havia acabado em um dos banheiros masculinos.
“Eles (administração) falam que estão tomando medidas, mas não estão
tomando: o banheiro está largado como sempre foi e estou com medo porque
estamos desprotegidos”, reclamou Luiz Carlos Alves de Oliveira, que
trabalha na frutícola Trindade. Ele contou que tem evitado ir ao banheiro e só
vai quando não consegue segurar mais. “Você chega aqui e vê essa sujeira,
como você faz?”
Furquim disse que já solicitou que a administração fizesse a lavagem dos
banheiros com água sanitária e cloro. Também pediu materiais como álcool em
gel, água sanitária, cloro, além de maior disponibilidade de sabão para as
mãos. No entanto, ainda não foi atendido.
Edvaldo José da Silva, sócio de um box de frutas, também reclama da falta de
higiene. “Não tem sabão nem álcool em gel nos banheiros”, disse.
Desde começou a crise sanitária, a sua venda caiu entre 30% a 40%.
Quem circulou ontem pela Ceagesp viu poucas pessoas protegidas, com luvas,
máscaras e mantendo distância umas das outras. Um grupinho animado de
carregadores autônomos, sentados muito próximos uns dos outros, parecia nem ligar
para os riscos da pandemia. Mas não é bem assim. “Medo a gente tem, mas
vamos fazer o quê? Temos de trabalhar”, disse um deles, quando
questionado. Por meio de nota, a Ceagesp informou que, diante das informações
repassadas pela reportagem, iria reforçar a fiscalização e as estratégias
adotadas.