Novo coronavírus chega a 90 pequenas cidades paulistas
Ao menos 90 cidades paulistas
com até 10 mil habitantes já registram casos de coronavírus. Destas, 26 têm
menos do que 5 mil habitantes. Em dez pequenas cidades já houve ao menos uma
morte pela covid-19. Nenhuma dessas localidades dispõe de leitos de UTI. Os
dados estão no balanço divulgado pela Secretaria Estadual da Saúde no último
sábado (09).
De acordo com o pesquisador Raul Borges
Guimarães, especialista em geografia da saúde da Universidade Estadual Paulista
(Unesp), a covid-19 pode intensificar o fluxo de pacientes das pequenas cidades
para os centros maiores do interior, gerando excesso de demanda.
São Paulo registrou até este domingo 45.444
casos positivos e 3 709 mortes por coronavírus. Segundo dados da secretaria, a
cada dez vítimas fatais, quatro residiam no interior. A doença já atingiu 412
dos 645 municípios paulistas e houve óbitos em 177.
Mas os números reais podem ser ainda maiores.
Pesquisa do Ministério Público de São Paulo (MPSP) indicou que os dados da
Secretaria Estadual da Saude são divulgados até seis dias depois do registro
dos casos pelas prefeituras. Conforme a pasta, o atraso se deve à necessidade
de checar e processar os dados.
No sábado, a pequena Jaci, de 7.067 habitantes,
entrou na lista de cidades com óbitos. A vítima, um sacerdote franciscano de 36
anos, morreu após ser internado no Hospital de Base de São José do Rio Preto. A
Diocese de Rio Preto confirmou a morte de frei Paulo Fernando Meneses, após ser
diagnosticado com o coronavírus O frei foi enterrado neste domingo, 10, em cerimônia
restrita a dez frades no cemitério municipal de Jaci. A morte ainda não entrou
na lista oficial do Estado.
O número de cidadezinhas com óbito pela covid-19
dobrou em dez dias. Até o dia 1º, estavam na lista Arandu (2 mortes), Iepê,
Caiabu, Santo Antônio da Alegria e Lavrinhas. Agora, além de Jaci, já têm
óbitos Santo Antônio do Pinhal, Uchoa, Pedrinhas Paulista e Rincão. Entre as
pequenas cidades que já tiveram o vírus está a segunda menor do Estado – Uru
tem 1.177 habitantes e só é maior que Borá, com 837 habitantes, que ainda não
teve registro da doença. União Paulista, com 1.844 moradores, registrou o
primeiro caso esta semana. Em Paulistânia (1.833), já são duas pessoas doentes.
Conforme o pesquisador da Unesp, como a
disseminação da doença se dá de uma forma hierárquica – dos grandes centros
para as cidades menores -, quando uma pequena cidade registra casos, significa
que a circulação do vírus está alta no seu entorno. “As capitais regionais
exerceram o papel de disseminar a doença para os municípios menores sob sua
influência direta. Como nessas pequenas cidades falta capacidade de atendimento
hospitalar, elas vão gerar um fluxo maior de pacientes para os polos regionais,
que já têm alta demanda própria para atender”, justificou.