19 de Abril de 2024

Dólar

Euro

Brasil

Jornal Primeira Página > Notícias > Brasil > Pesquisadores da USP lançam plataforma de compartilhamento de insumos

Pesquisadores da USP lançam plataforma de compartilhamento de insumos

05/04/2020 00h09 - Atualizado há 4 anos Publicado por: Redação
Pesquisadores da USP lançam plataforma de compartilhamento de insumos Foto: Paulo Marrucho / IDOR / Arquivo / Direitos Reservados

Ferramenta auxilia cientistas que desenvolvem estudos sobre COVID-19

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) criaram uma plataforma digital, denominada SocialLab, para facilitar o compartilhamento de insumos, como reagentes e linhagens celulares.
Entre os principais obstáculos enfrentados por cientistas estão a burocracia para a aquisição dos materiais, o valor elevado para compra e também a demora na entrega, já que muitos insumos precisam ser importados. 
A falta de insumo pode levar ao cancelamento de pesquisas, cujos resultados acabariam se revertendo em benefício à sociedade. No contexto da pandemia de covid-19, os atrasos tendem a piorar, com a redução da malha aérea.
A proposta da SociaLab é simples: quem estiver precisando de um insumo, ou tiver algum disponível, registra na plataforma. Na mensagem, devem ser informados o item desejado, a quantidade e dados para contato, para facilitar a comunicação. Após cruzar informações, usuários com compatibilidade entre oferta e procura podem combinar os detalhes do envio do produto. 
Como a plataforma é gratuita, o único gasto gerado é relativo à postagem do material, que fica por conta da pessoa que solicitou a doação. No total, até a última quarta-feira (31), já haviam sido cadastrados cerca de 90 laboratórios de todo o país, na base da plataforma.
A plataforma foi idealizada pelo professor Lucio de Freitas Junior, do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP. Ele conta que vem aperfeiçoando a ideia há três anos e que “foi feita a muitas mãos”, pois acolheu sugestões apresentadas por pessoas da comunidade universitária.
Para ter, compartilhar
O professor diz que a ação tem despertado o interesse de reitores de diversas universidade e instituições de pesquisa de outros países. Para ele, a execução foi agora possível em decorrência de uma nova mentalidade do mundo como um todo, que agora se voluntaria a se organizar de forma diferente, com mais inclinação à partilha.
“A gente tem que se adaptar a condições mais rápidas, mais dinâmicas, não pode ficar perdendo tempo com bobagem. A gente tem que racionalizar o dinheiro de uso público, não por ser altruísta, porque é uma coisa bonita de ser, mas porque é o mais inteligente. Quem ajuda é ajudado”, pondera, acrescentando que chegou a perder potenciais parceiros, por se recusar a topar que o acesso à plataforma fosse pago.
Um relatório da Research in Brazil (Pesquisa no Brasil, em português), elaborado pela Clarivate Analytics, a pedido da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), mostrou que quase a totalidade da pesquisa produzida no país é resultado do esforço das universidades públicas.
E um outro levantamento feito pela equipe do SocialLab revelou que, em média, os pesquisadores utilizam, no máximo, 20% dos reagentes e que o resto não é aproveitado, pois perde a validade. “A gente gasta dinheiro público em algo que não precisaria estar gastando tanto. Você vai perder 80% daquele material que você comprou. Você não pode ficar usando coisa vencida. O que você faz com isso? A universidade é responsável por coletar isso. Tem todo um pessoal que trabalha na universidade com carros especiais, locais especiais, todo um procedimento de segurança para buscar, armazenar, levar, para, eventualmente, isso ser incinerado. É muito dinheiro.”
Logo após o lançamento, o grupo de pesquisadores aproveitou o momento em que os usuários da plataforma se cadastravam para solicitar que respondessem uma enquete, que indicou que a maioria deles aguarda meses pela chegada de insumos.
Foram ouvidos 225 cientistas de todos os estados brasileiros. “Sessenta e dois pesquisadores falaram que tinha que esperar até três meses pelo reagente para fazer o experimento; 63, seis meses; 22 esperam mais de nove meses. E olha que interessante: 64 pessoas esperaram tanto que desistiram de fazer o experimento”, afirma Freitas Junior, complementando que a plataforma também ajuda os cientistas a organizar seus laboratórios, cujas catalogações ficam frequentemente desatualizadas, pela correria da rotina de trabalho.
Um relatório da Research in Brazil (Pesquisa no Brasil, em português), elaborado pela Clarivate Analytics, a pedido da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), mostrou que quase a totalidade da pesquisa produzida no país é resultado do esforço das universidades públicas.
E um outro levantamento feito pela equipe do SocialLab revelou que, em média, os pesquisadores utilizam, no máximo, 20% dos reagentes e que o resto não é aproveitado, pois perde a validade. “A gente gasta dinheiro público em algo que não precisaria estar gastando tanto. Você vai perder 80% daquele material que você comprou. Você não pode ficar usando coisa vencida. O que você faz com isso? A universidade é responsável por coletar isso. Tem todo um pessoal que trabalha na universidade com carros especiais, locais especiais, todo um procedimento de segurança para buscar, armazenar, levar, para, eventualmente, isso ser incinerado. É muito dinheiro.”
Logo após o lançamento, o grupo de pesquisadores aproveitou o momento em que os usuários da plataforma se cadastravam para solicitar que respondessem uma enquete, que indicou que a maioria deles aguarda meses pela chegada de insumos.
Foram ouvidos 225 cientistas de todos os estados brasileiros. “Sessenta e dois pesquisadores falaram que tinha que esperar até três meses pelo reagente para fazer o experimento; 63, seis meses; 22 esperam mais de nove meses. E olha que interessante: 64 pessoas esperaram tanto que desistiram de fazer o experimento”, afirma Freitas Junior, complementando que a plataforma também ajuda os cientistas a organizar seus laboratórios, cujas catalogações ficam frequentemente desatualizadas, pela correria da rotina de trabalho.
“O meu grupo tem muita vivência com drogas para influenza. Nós achamos droga para zika, chikungunya, febre amarela, durante o surto. Só que agora, com o coronavírus, estamos lidando com algo realmente muito mais complicado, porque parou toda a cadeia produtiva. Então, não dá mais para encomendar nada. Os vendedores sumiram, as entregas não são feitas. A pesquisa de coronavírus, por outro lado, para desenvolver diagnóstico, para fazer droga, não pode parar. O que aconteceu? O sistema entrou em colapso, os reagentes acabaram”, relatou.
“Estava aqui, no andar de cima, um dos reagentes superimportantes. Ele [o colega] conseguiu o reagente que eu precisava, que, de outra forma, não conseguiria. É impressionante. Está acontecendo, está funcionando.”

Recomendamos para você

Comentários

Assinar
Notificar de
guest
0 Comentários
Comentários em linha
Exibir todos os comentários
0
Queremos sua opinião! Deixe um comentário.x