Pesquisadores sugerem teste de colesterol a partir de 25 anos
Jovens de apenas 25 anos já
deveriam começar a monitorar seus níveis de colesterol, para que
tenham mais oportunidades de mudar hábitos de vida prejudiciais ou
mesmo começar a tomar medicamentos para reduzir os riscos de um
ataque cardíaco ou um derrame anos mais tarde. Em geral, esse
controle só começa a ser feito bem mais tarde.
A
recomendação vem da compilação de diversos estudos internacionais
envolvendo quase 400 mil pessoas em 19 países, acompanhadas por mais
de 40 anos. Segundo os resultados, publicados nesta semana na Lancet
Medical Journal, os níveis de colesterol ruim ao longo da vida estão
diretamente relacionados a problemas cardíacos.
As
conclusões do estudo podem levar à prescrição de remédios para
baixar o colesterol a pessoas muito novas. Normalmente, as drogas só
começam a ser usadas depois dos 40 anos. Os potenciais efeitos
colaterais de uso das estatinas (remédios para baixar o colesterol)
a longo prazo não foram ainda completamente mapeados
O
estudo demonstrou que uma pessoa de 45 anos que apresenta um nível
de colesterol ruim alto tem mais riscos de ter um ataque cardíaco ou
um derrame aos 75 anos do que aqueles que só apresentaram o
indicador aos 60. Uma explicação seria o acúmulo de gordura no
sangue ao longo de mais tempo.
O
estudo estima que homens com menos de 45 anos com colesterol alto e
outros dois fatores de risco têm probabilidade de 29% de apresentar
problemas cardíacos aos 75. Para um homem com mais de 60 anos que
apresente as mesmas características, esse risco é de 21%. Em
mulheres, os porcentuais são 16% e 12% respectivamente.
Os
autores do estudo dizem que é importante conhecer os níveis de
colesterol ruim desde cedo para ter a oportunidade de reduzi-los por
meio de exercício, alimentação saudável e perda de peso.
“Precisamos começar cedo”, afirmou o professor alemão
Stefan Blankenberg, que participou do consórcio internacional, em
comunicado. “Determinar os níveis de colesterol ruim deveria
estar nas nossas diretrizes já a partir de uma idade baixa, entre 25
e 30 anos.”
Para
os mais jovens, a recomendação inicial não seria de medicamentos.
Segundo Fernando Costa, diretor de Promoção de Saúde
Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia, a prevenção
deve começar na infância. “Atividade física e alimentação
saudável são suficientes para modificar o panorama da incidência
de doenças no futuro.” Alimentos como laticínios e carne
vermelha gorda podem contribuir para o aumento do colesterol ruim.
Alguns jovens, no entanto, podem ter o colesterol alto por razões
genéticas.
Estilo
de vida – O principal
autor do estudo, Fabian Brunner, descobriu ao longo do trabalho que
os níveis de seu colesterol ruim eram altos, embora ele tenha apenas
34 anos, seja magro e tenha o hábito de praticar exercícios. “Em
primeiro lugar, vou fazer um acompanhamento para ver se consigo
reduzir meu colesterol com modificações no meu estilo de vida.”
Há
21 anos, a farmacêutica Raquel Franchin, de 39 anos, fazia exames de
rotina quando descobriu o colesterol elevado. Ela não esperava por
isso, já que fazia atividade física, estava dentro do peso ideal e
procurava se alimentar adequadamente. “Minha endocrinologista
pediu (o exame) porque há casos na família, mas foi um susto
grande, pois só tinha 18 anos. O colesterol LDL, o ruim, estava 180
– e o ideal era abaixo de 100.”
Raquel
começou a tomar remédio e foi encaminhada ao cardiologista. “Já
me alimentava bem, mas fiquei mais rigorosa. Evito ‘beliscar’, como
frutas, saladas e carne grelhada ou cozida. Cortei frituras e doces.
Aumentei a atividade física e tento manter o peso sob controle.”