Polícia investiga 29 casos de síndrome nefroneural
A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) está investigando 29 casos
de pessoas que apresentaram os sintomas da síndrome nefroneural. A
Polícia Civil informou que após 21 dias de investigações sobre a
doença provocada por contaminação de cerveja, que acabou
culminando na morte de quatro pessoas, mais cinco pessoas foram
ouvidas na 4ª Delegacia de Polícia Civil de Barreiro, localizada no
Bairro Estoril, região oeste de Belo Horizonte.
Ao todo, já
foram 21 depoimentos de vítimas e familiares, todos com o objetivo
de entender os acontecimentos que antecederam à intoxicação.
Segundo a Polícia Civil, as amostras recolhidas tanto na cervejaria,
quanto na empresa química que vendia o monoetilenoglicol, continuam
sendo analisadas pelas equipes de peritos do Instituto de
Criminalística, e não há previsão para a conclusão dos
laudos.
Até agora, a Anvisa determinou o recolhimento total de
quatro lotes produzidos pela Cervejaria Três Lobos, dona da marca
Backer. Testes nos lotes deram positivo para a contaminação com a
substância tóxica dietilenoglicol e abrangem cervejas com os
rótulos Belorizontina e Capixaba.
Na semana passada, a Anvisa
interditou, preventivamente, todos os lotes da Backer com vencimento
igual ou posterior a 20 de agosto. As cervejas podem permanecer nos
estoques do comércio, mas devem ser retirados das prateleiras e não
podem ser entregues ao consumidor. A interdição dura no mínimo 90
dias, tempo que a cervejaria tem para tentar comprovar a segurança
do consumo das bebidas.
A medida de interdição de todos os
produtos da Backer foi tomada após exames feitos pelo Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) identificarem a
presença de substâncias tóxicas em mais 11 lotes da cervejaria,
que trazem diferentes rótulos na garrafa.
Até o momento,
segundo o ministério, dez produtos da cervejaria testaram positivo
para substâncias tóxicas: Belorizontina, Capixaba, Capitão Senra,
Pele Vermelha, Fargo 46, Backer Pilsen, Brown, Backer D2, Corleone e
Backer Trigo.
Por ora, as análises realizadas pelos
laboratórios federais de Defesa Agropecuária constataram 32 lotes
contaminados.
O dietilenoglicol é uma substância tóxica que
não pode entrar em contato com alimentos e bebidas. A primeira das
quatro mortes por intoxicação já reconhecidas pela Polícia Civil
foi registrada na noite de 7 de janeiro, em Juiz de Fora. Exames a
que a vítima foi submetida antes de morrer confirmaram a presença
do contaminante no sangue. O homem, cujo nome e idade não foram
confirmados, foi sepultado no município mineiro de Ubá.
Todos
os pacientes internados devido à síndrome nefroneural apresentaram
insuficiência renal aguda de evolução rápida, ou seja, que levou
a pessoa a ser internada em até 72 horas após o surgimento dos
primeiros sintomas, e alterações neurológicas centrais e
periféricas, que podem ter provocado paralisia facial, embaçamento
ou perda da visão, alteração sensória, paralisia, entre outros
sintomas.