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Rio prepara “patrulha antixixi” para o Carnaval

07/02/2013 15h20 - Atualizado há 11 anos Publicado por: Redação
Rio prepara “patrulha antixixi” para o Carnaval

O Rio de Janeiro nos últimos anos expulsou traficantes de morros, abriu faixas exclusivas para ônibus em ruas congestionadas e reprimiu ambulantes ilegais nas praias da cidade. Agora, às vésperas do Carnaval, as autoridades se preparam para enfrentar outra mazela carioca: o xixi na rua.

 

Desde que existe Carnaval, a imagem de pessoas se aliviando na rua – e a fedentina dessas poças mornas – faz parte da festa tanto quanto as escolas de samba, as passistas seminuas, os blocos e os turistas bêbados.

Mas a prefeitura vai mobilizar milhares de agentes para localizar e deter infratores. É um teste a seco, digamos, para a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016, eventos que também devem motivar celebrações regadas a muita cerveja e caipirinha.

“É a maior queixa que recebemos”, diz Alex Costa, secretário municipal da Ordem Pública, ecoando a fúria de moradores que têm portas, calçadas e pneus de carros atingidos pelos “mijões”.

Nas últimas semanas a prefeitura têm divulgado os números de detidos recentemente nos arredores de ensaios de escolas e de blocos carnavalescos por fazerem xixi na rua: 321 desde 20 de janeiro, incluindo 16 mulheres e três estrangeiros.

Infratores particularmente obscenos são multados, mas a maioria é apenas levada para uma delegacia e perde o resto da festa. “Só queremos educar”, diz Costa, “fazer as pessoas pararem”.

A “patrulha do xixi” é parte do esforço das autoridades para impor um pouco de ordem a uma festa que está cada vez maior, com o ressurgimento dos blocos e das festas de rua. Nos últimos quatro anos, esses eventos dobraram de tamanho, e estima-se que o Carnaval este ano atraia 6 milhões de pessoas, resultando em uma injeção de 665 milhões de dólares na economia carioca.

Para lidar com tanta gente, a prefeitura instalou 18 mil banheiros portáteis. Junto com milhares de policiais já mobilizados, 7.700 agentes municipais – mais do que o dobro do que no ano passado – fiscalizarão tudo, dos ambulantes descredenciados ao estacionamento proibido.

E também estarão atrás dos “mijões”.

No domingo, 25 deles já circulavam à paisana entre os 25 mil foliões do tradicional bloco Suvaco de Cristo. Eles davam preferência a ruas menores e a um canal próximo, onde os foliões poderiam arriar as calças, e também espiavam atrás de árvores e carros, onde foliãs se aliviam agachadas.

No começo, não havia muitos infratores. “Eles ainda não beberam o suficiente”, disse Marcelo Maywald, subsecretário de Ordem Pública e responsável pela patrulha.

Mas logo dois homens de minissaia, peruca loura e boné de marinheiro se postaram diante dos muros do Jockey Club Brasileiro, na Gávea. Quatro agentes os cercaram quando eles começavam a urinar.

Embora observados, os “mijões” terminaram o que estavam fazendo, e então levaram uma dura dos agentes. “Vêm com a gente, vocês não podiam estar fazendo isso”, disse um deles.

Perto dali, Maywald flagrou um homem sem camisa e de chapéu de palha.

Os agentes encostaram os três homens num meio-fio enquanto chamavam um carro. “Não se preocupem”, disse Maywald. “Não se trata de punição. Só queremos conscientizar.”

Os agentes não andam armados e nem portam algemas. Talvez por isso, o homem de chapéu conseguiu sair correndo.

“Ele é mais rápido do que nós”, brincou um dos outros “mijões”. “Ou talvez só está menos bêbado.”

Maywald não achou graça. “Fui eu que peguei aquele…”, lamentou.

Ele e dois agentes então subiram numa picape e ultrapassaram o bloco, nos arredores do Jardim Botânico. Numa praça, os foliões se apressavam como corredores ao final de uma maratona etílica. Apanhar “mijões” por lá ficou fácil.

Uma mulher aplaudiu ao ver a ação dos agentes. “Vocês são nojentos”, gritou ela para os infratores. “Vocês são porcos!”

Enquanto isso, o soldado Felipe Rodrigues, de 21 anos, baixava o zíper da sua bermuda xadrez ao lado de um arbusto. Maywald foi pelo outro lado e fingiu telefonar. Quando Rodrigues havia terminado, Maywald se aproximou e o pegou pelo colarinho.

Cinco minutos depois, Rodrigues estava sentado em um veículo aberto, e aguentava a gozação de dois amigos. “Dá uma carona?”.

Rodrigues, ainda zonzo pelas cervejas matinais, deu de ombros. “É claro, eu estava errado”, disse, “mas estava muito apertado”.

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