Sedativos para intubar ficam escassos e até 287% mais caros
Além de dificuldade
para encontrar medicamentos essenciais para sedar e intubar pacientes graves da
covid-19, hospitais privados apontam aumento no valor destes fármacos durante a
pandemia. Segundo levantamento da Associação Nacional de Hospitais Privados
(Anahp), o valor dos sedativos cloreto ou maleato de midazolam, por exemplo,
subiu 287,44% e 64% dos associados apontam dificuldade para encontrá-los.
O medicamento mais escasso é o besilato de cisatracúrio, segundo a entidade.
Além do aumento de 50% no valor, 83% dos hospitais ligados à Anahp têm
dificuldade para compra deste produto. Os dados foram coletados em 27 de maio.
A associação elencou sete produtos usados no procedimento de intubar pacientes,
aplicado para melhorar a ventilação. O aumento de preços de três destes
produtos está acima de 100%.
A entidade afirma que hospitais privados vão notificar a Câmara de Regulação do
Mercado de Medicamentos (CMED), caso o valor do fármaco ultrapasse o preço
tabelado pelo governo.
A falta de insumos para intubar pacientes também é sentida na rede pública.
Segundo levantamento do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), 22
unidades da federação têm estoques zerados para ao menos um medicamento deste
tipo.
A indústria de medicamentos afirma que tem estoque dos produtos, mas não consegue
atender licitações de longo prazo. Deputados federais de comissão que acompanha
a resposta à covid-19 prometem questionar se distribuidores de medicamentos
estão estocando produtos para vender a preços mais altos.
Estado com maior número de casos e óbitos, São Paulo tem, no SUS, estoques
zerados de 10 dos 22 produtos usados para intubar pacientes listados pelo
Conass. Outros 5 fármacos se esgotam em menos de uma semana.
Uma saída para a falta de insumos nas redes pública e privada é debatida pelo
menos desde o começo de junho. O Ministério da Saúde promete mediar compras de
Estados e municípios, abrindo uma “ata de registro de preços”, para
centralizar as compras e evitar uma espécie de leilão entre os entes. Além
disso, o ministério promete realizar uma busca emergencial no mercado
internacional por meio de fundo rotativo da Organização Pan-Americana de Saúde
(Opas).
As chegadas dos medicamentos, no entanto, não devem ser imediatas. O assessor
da Secretaria Executiva do Ministério da Saúde Alessandro Glauco afirmou na
quarta-feira, 24, a deputados, que uma licitação ampla só será lançada daqui
duas ou três semanas.