Substância tóxica contamina mais seis marcas de cerveja da Backer
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa)
identificou a presença de monoetilenoglicol e de dietilenoglicol em
mais seis marcas de cervejas produzidas pela mineira Backer,
totalizando oito rótulos contaminados da mesma fabricante. Além dos
já divulgados três lotes de Belorizontina, que no Espírito Santo é
comercializada com o rótulo de Capixaba, foram encontrados vestígios
das substâncias tóxicas nas marcas Capitão Senra, Pele Vermelha,
Fargo 46, Backer Pilsen, Brown e Backer D2.
Em nota divulgada na
tarde de ontem (16), o ministério informou que as análises
realizadas por laboratórios federais de defesa agropecuária
identificaram 21 lotes contaminados das oito cervejas produzidas pela
Backer. Além desses, a Polícia Civil identificou mais um lote
contaminado.
Operação
Também esta tarde,
policiais civis mineiros cumpriram mandados de busca e apreensão em
uma empresa que, segundo a instituição, fornece monoetilenoglicol
para a cervejaria Backer, de Belo Horizonte. Segundo a assessoria da
corporação, a distribuidora, cujo nome não foi oficialmente
divulgado, fica em Contagem, na região metropolitana da capital
mineira.
Devido a suas propriedades anticongelantes, o
monoetilenoglicol e o dietilenoglicol costumam ser usados em sistemas
de refrigeração. A Backer, no entanto, tem negado empregar as duas
substâncias em sua linha de produção. Procurada, a cervejaria não
se pronunciou sobre as novas conclusões do Mapa, nem sobre o
cumprimento dos mandados de busca e apreensão na distribuidora que
lhe fornece insumos.
Investigação
O Ministério da
Agricultura afirma “seguir atuando nas apurações administrativas
para identificar as circunstâncias em que os fatos ocorreram e
tomando as medidas necessárias para mitigar o risco apresentado
pelas cervejas contaminadas”. No último dia 13, a pasta intimou a
empresa a recolher dos estabelecimentos comerciais toda a sua
produção vendida a partir de outubro de 2019 até a presente data.
Antes disso, o ministério já havia lacrado tanques e demais
equipamentos de produção e apreendido 139 mil litros de cerveja
engarrafada e 8.480 litros de chope.
Esta manhã, a Polícia
Civil, que apura as circunstâncias e as responsabilidades pela
intoxicação de ao menos 18 pessoas, confirmou a terceira morte em
consequência da síndrome nefroneural, associada ao consumo das
cervejas Backer. Um quarto caso fatal, envolvendo o óbito de uma
moradora da cidade de Pompéu, a cerca de 170 quilômetros de Belo
Horizonte, foi confirmado no começo da noite.
Até ontem,
exames realizados por peritos da Polícia Civil atestavam a
intoxicação por dietilenoglicol de ao menos quatro dos 18 pacientes
já identificados. Todos as pessoas internadas devido à suspeita de
terem desenvolvido a síndrome nefroneural apresentaram sintomas
semelhantes – insuficiência renal aguda de evolução rápida (ou
seja, que levou a pessoa a ser internada em até 72 horas após o
surgimento dos primeiros sintomas) e alterações neurológicas
centrais e periféricas que podem ter provocado paralisia facial,
embaçamento ou perda da visão, alteração sensório, paralisia,
entre outros sintomas.