Cidadania prevê rede de atendimento à mulher
A gestão para que se crie na cidade uma rede de atendimento à mulher vítima de violência foi discutida ontem dentro do evento “Tecendo a Rede”, realizado pela Secretaria Municipal de Cidadania, no qual foi apresentado um relato e uma análise sobre políticas públicas para as mulheres, organizado por Raquel Auxiliadora dos Santos, coordenadora do departamento de políticas para as mulheres.
Na avaliação de Raquel, as conquistas para que se tenha um atendimento eficaz e que o trabalho seja preventivo no âmbito de cercear a violência contra a mulher começam pela formação dessa rede de atenção.
“Engana-se quem acredita que a delegacia da mulher é o ponto para identificação da violência. Muitas vezes os primeiros contatos acontecem nos postos de saúde, onde a mulher vai buscar ajuda para uma dor de cabeça que na verdade é fruto de uma ação violenta dentro de casa”, afirmou.
Para a coordenadora é preciso que a equipe de saúde seja qualificada para identificar esses casos e naquele momento acionar os profissionais adequados. “Essa ação de qualificar e posicionais nos pontos certos é que configura o tecer a rede”, explicou Raquel dos Santos.
Para o prefeito Oswaldo Barba, a prefeitura tenta com esse programa articular “os atores” que podem dar suporte à mulher vítima de violência, como as Polícias Civil e Militar, universidade e Defensoria Pública. “Enfim, todos têm um papel importante que articulados permitirão uma eficiência maior”, avaliou.
A delegada Denise Gobbi Szakal, que está interinamente no comando da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) em São Carlos, vê esse projeto como início de um atendimento mais prioritário à mulher violentada.
A delegada vem tentando implantar um atendimento que envolve psicólogos, assistentes sociais e advogados durante o expediente da delegacia para amparar a mulher vítima de violência.
No seminário foram lançados ainda um documentário e um livro do projeto e Construindo a Cidadania das Mulheres de São Carlos. O objetivo é estruturar a rede de serviços e programas para a atenção às mulheres em situação de violência no município, além de capacitar profissionais que atuam nas cidades da região.
A professora de ciências políticas da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Vera Alves Cêpeda, que escreveu o prefácio do livro, afirmou em seu texto que o debate sobre o papel das políticas públicas e processos de construção de uma cultura democrática está longe de ter-se esgotado no Brasil.
“Os textos do livro têm este cenário temático que apresenta a configuração complexa que vai da abordagem histórica e teórica às experiências práticas e resultados reais dessas políticas desenhadas para produzirem efeitos e resultados nas comunidades locais”, relatou.
NÚMEROS – Números da Secretaria Estadual de Segurança Pública revelam que foram registrados na cidade em 2011 exatos 780 casos como estupro (64), lesão corporal dolosa (713), além de uma tentativa de homicídio e um homicídio ocorrido em dezembro do ano passado.
