Com internacionalização, Latam estima ampliar em 14% as manutenções feitas em outros países
Por volta das 8h20 desta quinta-feira, 21, o Aeroporto Internacional Mário Pereira Lopes recebeu o Airbus A319, Prefixo HC-CPZ. Vinda o Equador, a aeronave é a primeira a pousar em São Carlos, sem os embaraços aduaneiros que antecediam as manutenções em São Carlos.
De acordo com a Latam, o a internacionalização tornará o centro mais competitivo mundialmente. “Reduziremos de quatro para um dia o processo total de desembaraço aduaneiro, isso significa competitividade, redução de custos para a companhia e novas oportunidades, porque assim atraímos mais serviços para o centro de manutenção”, observou Alexandre Peronti, diretor do Centro de Manutenção da Latam.
A internacionalização já trouxe frutos para o emprego e renda de São Carlos. A companhia contratou 160 funcionários para atender às novas demandas. O Centro de Manutenção possui 1,3 mil funcionários.
A Latam prospecta a absorção de até 14% de checks que são feitos em outros países. “Desde novembro estamos com um processo forte de contratação, ao todo já contratamos pelo menos 160 profissionais, a maioria para a área mecânica, a conquista de hoje viabiliza novos projetos e sempre queremos gerar outras oportunidades”, salientou.
Em outubro do ano passado, a Latam anunciou a remodelação das aeronaves, também conhecido com retrofit, em mais da metade da frota dos aviões da família Airbus A320, utilizados nas rotas domésticas nos países em que a companhia atua. O investimento em São Carlos faz parte da estratégia global da empresa em reconfigurar as cabines de seus aviões até 2020. O grupo Latam prevê investimentos de R$ 22 milhões.
O projeto começou em janeiro de 2019 e, ao longo de 18 meses, 95 aviões da família A320 deverão passar pelo local para a modificação interna. Com a remodelação, as aeronaves terão uma cabine ainda mais moderna, com estofamento mais confortável e tomadas USB em todos os assentos, proporcionando uma melhor experiência de viagem para os passageiros.
Empregos
O prefeito Airton Garcia (PSB) esteve no aeroporto. Ele comemorou o emprego de 160 trabalhadores e revelou que espera ainda mais da Latam. “Eu espero que São Carlos possa gerar mais de 500 empregos com essas manutenções. Sabemos que o maior problema em todos lugares atualmente é o desemprego, então estamos atentos para qualquer iniciativa que venha a gerar empregos, sempre iremos buscar mais para a cidade”.
Administrado pelo Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo(Daesp), braço aeroportuário do Governo de São Paulo, o aeroporto de São Carlos é o primeiro da rede a receber operações internacionais. O Departamento administra ao todo 20 aeroportos paulistas, e realiza estudos para definir o melhor modelo de desestatização dessas unidades.
No caso de São Carlos, após solicitação do DAESP, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) expediu a portaria 3.988, no dia 01 de dezembro de 2017, e publicada no Diário Oficial da União no dia 6 de dezembro, autorizando o local a operar “serviços aéreos privados destinados à entrada ou saída de aeronaves procedentes do exterior ou a ele destinados, para serem submetidas à prestação de serviços de manutenção e reparo”.
Ao longo da etapa de internacionalização de São Carlos, o processo passou pela análise e aprovação de quatro órgãos federais, os quais instalarão operações específicas no aeroporto para alfandegamento das aeronaves: Ministério da Agricultura, por intermédio do Sistema de Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a Receita Federal do Brasil e a Polícia Federal.
A internacionalização eliminou a necessidade de nacionalização para voos “ferry” destinados ou originados em São Carlos, o que implicava na obrigatoriedade de mais um pouso em outro aeroporto internacional. Atualmente, a prestação de serviços de manutenção e reparos de aeronaves é a principal motivação para a operação de aeronaves de grande porte no aeroporto, uma vez que a Latam mantém seu principal Centro de Manutenção de Aeronaves instalado em área contígua ao aeródromo.
As operações internacionais aumentarão a competitividade do centro de manutenção brasileiro frente ao de outros países, já que os custos operacionais serão cerca de 9% mais baratos, levando-se em conta diárias, gastos com combustíveis, pousos e decolagens. Com custos menores, a expectativa da Latam é ampliar a prestação de serviços de manutenção pela conquista de novos contratos também junto a outras companhias aéreas estrangeiras.
O crescimento dessas atividades contribuirá para fortalecer ainda mais a posição da região de São Carlos e Araraquara como polo relevante da indústria aeronáutica brasileira. A região já é reconhecida pela formação de engenheiros e profissionais especializados, com cursos reconhecidos em universidades públicas (USP e UFSCar) e escolas técnicas, e conta com uma unidade industrial da Embraer instalada em Gavião Peixoto.
Perfil
O Aeroporto Estadual de São Carlos opera com aviação geral (executiva), além de atender empresas com foco na manutenção de aeronaves. Em 2017, foram registrados 1.700 embarques e desembarques e 2.057 pousos e decolagens, e em 2018, 866 embarques e desembarques e 1.636 pousos e decolagens.
O aeródromo integra a rede do DAESP, que administra 20 aeroportos no Estado. Deste total, 15 atendem a aviação geral (executiva, táxi-aéreo e aerodesportivo) e seis operam com aviação regular (comercial).
O Aeroporto de São Carlos está no Programa Estadual de Privatização dos Aeroportos do Governo do Estado de São Paulo. Os projetos serão desenvolvidos pela Agência Reguladora de Transportes (Artesp) e pelo Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo. Os dois órgãos irão elaborar estudos de viabilidade técnica e econômica do aeroporto, que hoje tem foco na aviação geral (executiva e táxi aéreo). “Este evento demonstra a força do interior paulista. E aumenta mais ainda o interesses da iniciativa privada pela desestatização dos 20 aeroportos geridos pelo Daesp”, afirmou Antônio Claret, superintendente do Departamento.