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Comerciantes do setor de alimentos driblam inflação para manter negócio

Produtos como carne vermelha de primeira e alguns legumes e folhas deixaram de frequentar o cardápio

26/01/2021 08h36 - Atualizado há 3 anos Publicado por: Redação
Comerciantes do setor de alimentos driblam inflação para manter negócio Fotos: Hever Costa Lima / Reprodução / Arquivo Pessoal

Comerciantes do segmento de alimentação em São Carlos (SP) driblam o alto custo dos produtos alimentícios para manter preços e não perder clientes. O grupo entrevistado buscou oferecer nos pratos feitos – item de ponta no comércio do setor de comida pronta – basicamente o que está em promoção no mercado e a exclusão dos produtos caros, como carne vermelha de primeira e legumes como vagem, quiabo ou folhas como agrião e rúcula.

O comerciante Luiz Carlos Alves de Oliveira, 52, do Empório Maguila, não consegue repassar o custo dos alimentos para o valor do prato feito. “Todo dia eu faço compra, hoje eu pago R$ 8,45 amanhã já está R$ 13,00. Não posso remarcar o valor do meu prato todo dia”.

No mesmo diapasão, Sabrina Aline dos Santos, 34, dona do VixMix Restaurante, afirma que teve de aumentar em R$ 1,00 o seu preço do prato feito, mas esse valor não repõe o que gasta para comprar os alimentos in natura. “Diariamente busco as promoções para equilibrar os gastos. Mas mesmo assim a minha margem de lucro é mínima”.

Luiz Carlos, conhecido como Maguila, relembra que em 2019 o filé de frango atingia no máximo R$ 6,00. “Os preços estavam mais constantes e possibilitando um planejamento”.

Sabrina diz que o que tem pesado hoje são itens básico de seus pratos, arroz, feijão e óleo. “São produtos que não tem como substituir. A única solução é correr atrás das promoções”.

Ela disse que a carne vermelha teve de ser substituída pelo frango, embutidos e a carne de porco. “Não consigo oferecer as carnes de primeira linha no meu prato feito”, indicando que o preço tornou o produto proibitivo.

O cardápio de Maguila também ganhou restrições. “Os legumes e folhas acabam não variando muito, só mesmo quando encontro um preço muito bom no mercado. Vagem, quiabo, agrião e rúcula é difícil de entrar na minha lista de compra”.

A pandemia do coronavírus veio para colocar mais um peso nessa bagagem dos comerciantes com o fechamento por um período dos estabelecimentos e o recuo dos fregueses.

“Cheguei a ter o meu aluguel do comércio atrasado por cinco meses. Pensei em desistir e entregar o ponto. Mas uma conversa sincera com a proprietária conseguimos contornar o problema e estou pagando da forma que consigo o que ficou para trás”.

Para Sabrina o que salvou na época das restrições de abertura do comércio foram as entregas em domicílio. “Hoje o movimento melhorou, mas ainda está longe do ideal”.

Na linha do otimismo, Sabrina espera que a retomada aconteça em 2021 com a vacina e os clientes possam voltar como no início do ano passado.

INFLAÇÃO

A inflação fechou 2020 com alta de 4,52%, a maior desde 2016 (6,29%), segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Já o indicador de dezembro, que foi divulgado junto com o acumulado do ano, acelerou para 1,35%, a variação mais intensa desde fevereiro de 2003 (1,57%) e a maior para um mês de dezembro desde 2002 (2,10%).

Com o resultado, o índice do ano ficou acima do centro meta, definido pelo Conselho Monetário Nacional, que era de 4,0%, mas dentro da margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para baixo (2,5%) ou para cima (5,5%). Em 2019, a inflação foi de 4,31%.

No ano passado, a alta de 14,09% nos preços de alimentos e bebidas pesou no bolso dos brasileiros.

O gerente da pesquisa, Pedro Kislanov, explica que esse crescimento, o maior desde 2002 (19,47%), foi provocado, entre outros fatores, pela demanda por esses produtos, a alta do dólar e dos preços das commodities no mercado internacional. Foi um movimento global de alta nos preços dos alimentos, num ano marcado pela pandemia de Covid-19.

OS VILÕES

Os preços do óleo de soja (103,79%) e do arroz (76,01%) dispararam no acumulado do ano passado. Outros itens importantes na cesta das famílias também tiveram altas expressivas, como o leite longa vida (26,93%), as frutas (25,40%), as carnes (17,97%), a batata-inglesa (67,27%) e o tomate (52,76%).

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