Crianças precisam caminhar 2 km para esperar ônibus escolar
No começo da tarde de ontem, 20, os moradores de dois assentamentos de sem-terra – Nova São Carlos e 22 de Abril, à margem da rodovia Domingos Innocentini – fizeram um protesto contra o transporte escolar, que pega e deixa as crianças desses locais a uma distância de dois quilômetros de onde elas moram.
Aproximadamente 50 pessoas impediram a saída dos dois ônibus que fazem a linha. A Polícia Militar precisou ser acionada. Mas o movimento foi pacífico.
De acordo com Ademir Gomes Barreto, 33, morador no assentamento Nova São Carlos, a reivindicação é antiga. “Os ônibus não vão até a entrada dos assentamentos. É isso que nos revolta, pois faz tempo que fomos pedir alguma solução e até agora nada foi feito”, afirmou.
Barreto alega que o prefeito Paulo Altomani (PSDB) já foi até o local e viu a situação. “O Altomani veio aqui junto com o antigo secretário de Transporte e Trânsito, Celso Higashi. Na ocasião disseram que não tinha como o ônibus passar sem uma rotatória. Nós fizemos a rotatória e ninguém se manifestou em solucionar a nossa situação”, observou.
Os pais consideram perigoso o trecho de dois quilômetros em que as crianças andam para ir pegar o ônibus e depois voltarem para casa. “É perigoso, já encontramos cobras no caminho, sem contar que tem a linha do trem aqui próximo. Nós ficamos preocupados enquanto as crianças não chegam”, disse José Fernando Pratavieira, 36.
Pratavieira relator que, por medo, a medida que adotou foi levar e buscar a criança na escola. “Estou levando e buscando a minha filha de 9 anos de carro até a escola no Cidade Aracy. Isso gera gastos, mas foi a maneira que encontrei para acabar com a minha preocupação”, apontou.
2013 – Os moradores dos assentamentos lembraram da tragédia que aconteceu no dia 25 de setembro de 2013, quando um menino de 12 anos morreu atropelado por um trem ao retornar da escola e cortar caminho pela linha. “Foi uma fatalidade, mas isso ficou marcado para todos nós que moramos aqui na região. Era um menino novo que tinha uma vida pela frente e isso aconteceu porque os ônibus param longe, se parassem mais perto poderia ter evitado”, comentou Barreto.
SUPERLOTAÇÃO – Outra reclamação é sobre a superlotação dos ônibus escolares. “Os ônibus são para 40 pessoas e estão rodando com 55 crianças, com três e/ou até quatro sentadas em um mesmo banco que seria para duas. A gente queria mais um ônibus para acomodar decentemente os nossos filhos”, argumentou Barreto.
A reportagem do Primeira Página entrou em contato com a Prefeitura sobre a reclamação dos pais de alunos, mas até o fechamento da edição, a assessoria de imprensa não havia respondido aos questionamentos.