Em 4 anos, consumo de antidepressivos aumentou 40%
Visto que o consumo de antidepressivos está tão banalizado, o difícil mesmo é saber se as pessoas realmente precisam dos tranqüilizantes ou se os médicos receitam o medicamento sem muitos critérios. Dados levantados pela IMS Health Brasil indicam que entre 2007 e 2011 o uso de remédios contra depressão e outros transtornos de humor aumentou 40%. Segundo informações da Secretaria Municipal de Saúde, em São Carlos, somente em 2011, foram comercializadas 67.682 drágeas destes medicamentos. Até 15 de março de 2012, os antidepressivos equivaleram a 7,3% de todos os comprimidos vendidos na Farmácia Popular.
Estudos da Associação Brasileira de Psiquiatria apontam que 23 milhões de brasileiros, o equivalente a 12% da população do país, precisam de algum atendimento em saúde mental. Os problemas mais comuns estão relacionados à depressão, ansiedade e a transtornos no temperamento.
Funcionários de uma rede de farmácias da cidade afirmam que o Rivotril, Lexotan, Frontal (alprazolam) e Daforin (fluoxetina) – todos psicotrópicos para tratamentos de depressão, ansiedade e insônia – estão entre os medicamentos mais vendidos. “Acredito que as vendas subiram em torno de 30%. Apesar das restrições, muitos pacientes tentam comprar o produto sem a receita médica. Pedem para dar um ´jeitinho`, dizem que precisam muito do remédio. Mas não existe essa possibilidade, nós não podemos efetuar a venda, pois a Vigilância Sanitária exige o receituário médico”, explica a farmacêutica que preferiu não se identificar.
A psiquiatra Dra. Gabriella Menezes alerta para o perigo de tratar esses medicamentos como drogas lícitas de extrema necessidade. Ela afirma que depressão é uma doença que pode ser desencadeada por diversos fatores, inclusive uma pré-disposição genética e, por isso, as medicações necessitam de conhecimentos técnicos para serem prescritas. “Esses números mostram dois panoramas. O primeiro é que diminuiu o preconceito em assumir a depressão e com isso as pessoas têm menos receio em buscar ajuda. E o segundo é que talvez esteja ocorrendo uso indiscriminado desses remédios, o que geralmente se deve à automedicação e à dependência de usuários”, explica.
Segundo ela, outro hábito que está se tornando muito comum é o consumo de calmantes, desencadeado devido ao estresse. Sobrecarga de trabalho, pressão por resultados e falta de tempo estão entre as principais causas do problema. “Dores musculares, insônia e dor de cabeça são alguns dos sintomas do estresse. Porém, os calmantes não são a única solução, pois fatores como a prática diária de exercícios físicos, boa alimentação e a tentativa de não colocar em perspectiva elementos estressantes são medidas que poderiam ajudar as pessoas a ter uma qualidade de vida melhor”, recomenda.