Escola Paulino Carlos completa hoje 115 anos de atividades
Grupo Escolar teve suas obras iniciadas no Século XX e recebeu a vistoria do jornalista e escritor Euclides da Cunha
A Escola Estadual Paulino Botelho, a primeira escola pública de São Carlos, completa hoje, 1 de abril de 2020, 115 anos de atividades. Criado por decreto de 30 de novembro de 1901, o Grupo Escolar Coronel Paulino Carlos foi instalado em edifício próprio, construído pelo governo estadual a partir de projeto de José van Humbeeck. Um detalhe interessante é que as suas obras foram vistoriadas pelo jornalista e escritor Euclides da Cunha, autor das célebres obras “Os Sertões”.
A inauguração do prédio aconteceu nos primeiros meses de 1905 e as aulas foram iniciadas em 1º de abril do mesmo ano, com 346 alunos matriculados, dos quais 180 estavam em quatro classes de 1º ano, 90 em duas classes de 2º ano, e 76 em duas classes de 3º ano; o 4º ano só começou a funcionar em 1906.
A Paulino Carlos é uma das integrantes de conjunto de 126 escolas públicas construídas pelo Governo do Estado de São Paulo entre 1890 e 1930 que compartilham significados cultural, histórico e arquitetônico. Essas edificações expressam o caráter inovador e modelar das políticas públicas educacionais que, durante a Primeira República, reconheceram como inerente ao papel do Estado a promoção do ensino básico, dito primário, e a formação de professores bem preparados para tal função. Quanto às políticas de construção de obras públicas, são representativas pela estruturação racional de se instalar edificações adequadas ao programa pedagógico por todo o interior e capital do Estado.
Destaca-se a qualidade do conjunto caracterizado pela técnica construtiva simples, consolidando o uso de alvenaria de tijolos e por uma linguagem estilística que simplificou os atributos da tradição clássica acadêmica. A organização espacial era concebida incorporando preceitos e recomendações de higiene, insolação e ventilação previstos na cultura arquitetônica que vinha se firmando desde o século XIX. O programa pedagógico distribuía essencialmente salas de aulas ao longo de eixos de circulação em plantas simétricas. Aos poucos se firmaram em projetos arquitetônicos padronizados que se repetiam com pouca ou nenhuma variação em mais de um município
O cronista Cirilo Braga tem doces lembranças da tradicional e histórica escola. “Fui aluno do Paulino Carlos nos anos de 1975 a 1978 quando ali fiz o curso ginasial. Eu havia cursado o primário no Instituto de Educação e como minha família morava no centro da cidade, fui fazer o ginásio no Paulino. Bons tempos aqueles. Curiosamente eu estudava lá quando demoliram o prédio do cine São Carlos, ao lado. Ali costumávamos ver em ação o fantástico Zé Pintor que desenhava cartazes de filmes. Eu não tinha ideia do que era estudar na mesma escola onde estudaram o prefeito Antonio Massei e o comediante Ronald Golias. Com o tempo me dei conta do significado histórico da escola”.
Braga cita a qualidade do ensino e dos mestres da época. “Tive excelentes professores naquele período, entre eles Walter Blanco, que depois foi diretor por 20 anos. Educadores mesmo, dedicados a ensinar e preocupados com o bom desempenho dos alunos. Isso perdura no Paulino Carlos até os dias de hoje, felizmente. É uma escola que honra sua tradição. É importante que o aniversário de uma escola seja lembrado. É uma oportunidade de manifestarmos gratidão a todos que de alguma forma participaram de sua história: professores e funcionários de modo especial. Quando a jornada escolar termina, eles todos ficam na lembrança dos alunos porque foram guias da jornada do aprendizado numa época muito importante da vida de cada aluno. Quero parabenizar hoje as professoras e professores que continuam a bela história da Escola Estadual Paulino Carlos. O concurso de educadores dedicados à causa do ensino e absolutamente compromissados com a educação, tem sido o sustentáculo do trabalho desenvolvido no Paulino Carlos”, ressalta ele.