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ESPECIAL SÃO CARLOS: Características de antiga Vila Ferrorviária permanecem

04/11/2011 15h05 - Atualizado há 12 anos Publicado por: Redação
ESPECIAL SÃO CARLOS: Características de antiga Vila Ferrorviária permanecem

Geralmente, em cidades onde há o estabelecimento de uma estação ferroviária, muitos trabalhadores também se deslocam em função da ferrovia. Em São Carlos não foi diferente. A Vila dos Ferroviários, localizada na avenida Morumbi próxima ao bairro Jardim Cruzeiro Sul e dotada de aproximadamente 60 mil m², surgiu quando houve a inauguração da ferrovia na cidade, em 1884. Normalmente estabelecidas próximas à estação, tais vilas eram criadas justamente para atender os trabalhadores da via.

De acordo com a historiadora Leila Maria Massarão, as vilas ferroviárias possuíam uma arquitetura específica, baseada na hierarquia. “A casa do mestre da linha, por exemplo, ficava mais alta que a casa dos funcionários. Elas eram formadas e organizadas para isso: receber esses funcionários da estação para que assim, eles estivessem próximos das linhas férreas para exercer o trabalho”, explica.

No princípio eram apenas dois conjuntos de residências destinadas à manutenção de um trecho da linha férrea para os trabalhadores da via. Com a chegada das locomotivas elétricas, na década de 1920, no local foi construída uma subestação de energia e outras residências para abrigar uma equipe de engenheiros e eletricistas responsáveis pelo funcionamento e supervisionamento dessa subestação, hoje em ruínas.

Segundo Ana Lúcia Cerávolo, diretora-presidente da Fundação Pró-Memória de São Carlos, foi na década de 1960 que chegaram as casas de madeiras ao local, provavelmente retiradas de ramais desativados da Companhia Paulista de Estrada de Ferro. “Com a passagem de todo o patrimônio ferroviário para a FEPASA, em 1971, o local passou a ser conhecido como ´Coloninha da FEPASA´”, relata.

Com o processo de sucateamento da linha, de suplantação do transporte ferroviário por outras formas de transporte, as vilas ferroviárias foram perdendo suas características e o seu papel. “Quando você está sucateando o que alimenta aquele espaço, então a tendência é que aquilo também se desarticule. Então, hoje, você tem alí descendentes de ferroviários, mas também uma população que não tem ligação com a estação”, ressalta a historiadora Leila Massarão.

Filhos e parentes de ferroviários ainda vivem no local. Poucos remanescentes da Companhia Paulista de Estrada de Ferro e a maior parte trabalhadores da FEPASA. É o caso de Antônio Paulo, filho de funcionário da subestação ferroviária, que vive há 44 anos ao lado da linha do trem, na mesma casa onde viveu seu falecido pai. “São poucos os ferroviários e descendentes que ainda moram aqui. Meu pai trabalhou quase a vida toda na subestação”, relembra.

Já Matheus da Silva, ferroviário durante 10 anos, conta que com o sucateamento das linhas férreas a área foi esquecida e alguns trabalhadores escolheram outro local para viver. “Muitas pessoas que moravam aqui se mudaram para o Jardim Zavaglia, mas o prefeito Oswaldo Barba permitiu que continuássemos aqui. O único pedido foi que preservássemos o local”, explica.

Após 10 anos trabalhando para obter a posse da área, recentemente incorporada pela Superintendência do Patrimônio da União, a Prefeitura de São Carlos e a Fundação Pró-Memória conquistaram, neste ano, a cessão por uso de 100 anos do local. Segundo Ana Lúcia, a prefeitura está efetuando estudos para definir a destinação da área. “O projeto deverá contemplar área verde e institucional, em função das características da região e suas carências. Também deve prever habitação de interesse social, conforme diretriz do Plano Diretor atual”, finaliza.

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