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Infectologista de São Carlos que recebeu vacina de Oxford contra Covid-19 fala sobre sua experiência

A médica infectologista da Santa Casa de São Carlos, Carolina Zenatti, é voluntária da fase 3 de testes da vacina

11/08/2020 13h38 - Atualizado há 4 anos Publicado por: Redação
Infectologista de São Carlos que recebeu vacina de Oxford contra Covid-19 fala sobre sua experiência Foto: Divulgação

Enquanto todos aguardam pela vacina do novo coronavírus (Covid-19), algumas pessoas vêm passando pela experiência de serem as primeiras a receberem as doses. Esse processo de testes é essencial para conferir a eficácia da vacina.

Carolina Toniolo Zenatti, infectologista e coordenadora do Serviço de Controle de Infecção relacionada à Assistência em Saúde (SCIRAS) da Santa Casa de São Carlos, é uma das participantes dos testes da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford, entre os 2 mil voluntários no Estado de São Paulo, relatou a nossa reportagem sobre sua participação no programa e como foi esse processo.

O processo

Ela conta que tudo começou quando fez a sua inscrição na fase 3 de testes da vacina de Oxford, por e-mail, no Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais da Universidade Federal de São Paulo (Crie/Unifesp), que coordena e realiza a pesquisa no Brasil, na sequência veio a confirmação por e-mail, e depois visitou o local da pesquisa.

Mas, para ser aceita como voluntária dos testes da eficácia da vacina de Oxford, foi necessário passar por uma triagem para o estudo e em seguida pelo teste de sorologia. Os participantes precisam ter sorologia negativa para a infecção pelo SARS-CoV-2 (causador da covid-19), isto significa que não podem ter contraído a doença antes de receber a vacina, que no caso da infectologista Carolina deu negativo.

Segundo ela, assinou um termo de consentimento, deixando claro que estava ciente de todos os riscos e benefícios da vacina nos estudos desta fase. A Unifesp também relatou sobre o tipo de vacina que iria receber e sobre os efeitos colaterais que poderia ter ou não.

Os participantes foram divididos em dois grupos, um recebeu a vacina e outro uma dose de uma vacina chamada MenACWY, que protege contra meningite e sepse, relatou a infectologista Carolina. “Eu não sabia qual vacina que estava tomando, porque os estudos desta fase são as cegas, uma parte dos voluntários recebem a vacina para o coronavírus e a outra parte uma vacina contra meningite. Na sequência, os dois grupos são acompanhados da mesma forma, para saber quem tomou a vacina de Oxford está realmente protegido contra a doença”, explicou.

De acordo com a doutora Carolina, os participantes serão acompanhados pelo período de um ano, serão submetidos a exames de sorologias periódicas e avaliação médica se apresentarem qualquer sintoma da doença.

Orgulho na participação

A médica infectologista Carolina afirmou que ficou orgulhosa por estar participando desta fase da vacina. “Fiquei orgulhosa como brasileira, médica e pesquisadora, em participar do processo. Outro fator importante, é com relação ao prestígio que os pesquisadores brasileiros têm lá fora, e a escolha do nosso país, não foi por acaso, mas pela competência comprovada desses pesquisadores e o quanto são valorizados”, ressaltou.

Outro fator importante comentado por ela na entrevista foi sobre o esforço de vários países na busca de uma vacina eficaz contra a Covid-19. “São diversos países de diversos continentes que estão dedicando esforços grandes com o mesmo fim, na busca do controle da Covid-19. Então, os processos estão sendo muito mais rápidos e muitas pessoas colocam em xeque essa rapidez, mas acho que a gente vai tomar uma vacina segura devido a seriedade dos pesquisadores envolvidos”, enfatizou.

No momento já são mais de 150 vacinas que estão sendo estudadas no mundo, explicou a infectologista Carolina. “A gente precisa confiar nos estudos e nos especialistas para que tenhamos a vacina, não sei dizer quando, pode ser no fim deste ano ou no ano que vem. São mais de 150 vacinas em estudo no mundo, várias em estudos avançados de desenvolvimento, portanto, é importante a gente confiar nos especialistas para que tenhamos uma vacina segura e eficaz”, finalizou.

Vacina de Oxford: alterações no protocolo de pesquisa

A Anvisa autorizou, ontem (10) a pedido, uma mudança no protocolo de pesquisa da vacina de Oxford contra o Covid-19. O produto está em fase de pesquisa como possível proteção contra a doença.

A alteração aprovada inclui a administração de uma dose de reforço para os voluntários que estão participando do estudo. A dose de reforço será dada aos voluntários que já haviam sido vacinados e também os que ainda vão entrar para o estudo.

Além desta alteração, a Anvisa autorizou a ampliação da faixa etária para a realização dos testes. Com isso, voluntários com idade entre 18 e 69 anos poderão participar da pesquisa. A faixa etária inicialmente aprovada era dos 18 aos 55 anos. Com isso, a vacina em teste era a única que ainda não possuía dados para justificar a vacinação de voluntários na faixa etária entre 55 e 69 anos de idade. Após a apresentação das informações necessárias pela empresa, a autorização para testes em voluntários de até 69 anos foi deferida.

O intervalo para a segunda dose dos participantes deve ser de quatro semanas. Para os voluntários que já passaram pelo estudo, a segunda dose deve ser dada entre quatro e seis semanas. Neste caso a variação do prazo se deve a necessidade de entrar em contato com o voluntário e mobilizá-los novamente para a dose de reforço.

A inclusão da segunda dose na pesquisa foi motivada pela publicação de alguns resultados que mostraram que a dose de reforço aumenta a chance de imunização.

A Anvisa autorizou a mudança da pesquisa com base nos dados de segurança até o momento. A expectativa é que a segunda dose acrescente informação aos estudos e sobe a forma pela qual essa vacina poderá ser utilizada no futuro.

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