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Jesus, um homem que desafiou o poder

07/04/2012 08h26 - Atualizado há 12 anos Publicado por: Redação
Jesus, um homem que desafiou o poder

Todos estão acostumados com a história da Paixão e Morte de Cristo. Assistimos a filmes, participamos de encenações, porém buscando a história para explicar um pouco mais sobre a vida de Jesus Cristo, vemos algumas divergências com os evangelhos. Mas não podemos nos esquecer que cada um dos evangelistas – Mateus, Marcos, Lucas e João – não tinham como intenção preservar conteúdos históricos. Os evangelhos são teológicos. Porém, pensando nos livros que contam as histórias de Jesus, filho de José e Maria, os escritos apócrifos, aqueles que não estão na bíblia, e documentos romanos da época nos ajudam a compreender este “homem” Jesus.

Pode soar estranho, mas Cristo nasceu antes de Cristo, no ano 7 a.C. Nosso calendário está errado. Também o natal não ocorreu em dezembro, afinal historicamente não se sabe o mês em que Maria teria dado a luz ao “Filho de Deus”.

A data 25 de dezembro foi escolhida a dedo pela Igreja no ano de 525 para coincidir com festas pagãs do Oriente e também de Roma. Outro fato relevante é que Belém nunca teria de fato recebida o menino Jesus. A história aponta para o nascimento em Nazaré, na Galileia, norte de Israel.

Historiadores e também diversos teólogos acreditam piamente que a “estrela de Belém, os magos e os pastores” são invenções dos escritores do evangelho para anunciar de forma estrondosa o nascimento do enviado, do ungido de Deus, o Messias prometido, que é citado por diversas vezes pelo profeta Isaías. Belém teria sido escolhida para ilustrar esta história por ser a cidade de Davi.

OS EVANGELHOS – Marcos, Matheus, Lucas e João apresentam discrepâncias históricas graves quando você utiliza-os para “compreender a história”. Instituições religiosas de diversas denominações pagam estudos para compreensão deste Jesus histórico.

Nos últimos 50 anos, descobertas arqueológicas reviraram o rumo das pesquisas várias vezes. Mas valeu a pena. Como resultado, a linguística e a filologia se aprimoraram, admiravelmente. Hoje, os cientistas podem comparar textos antigos, analisar estilo, forma, mensagem e estabelecer pressupostos sobre a cultura da época, seu ambiente e sua idade. O mistério, entretanto, continua. O problema, incontornável, é que faltam fontes.

JESUS, UM CAMPONÊS RÚSTICO – Ele falava aramaico, língua corrente na Palestina, e um pouco de hebreu, aprendido na sinagoga e na Torá, a bíblia judaica. Era um camponês rústico das montanhas, que usava metáforas ligadas à agricultura, como a “beleza dos lírios do campo” e a separação “do joio do trigo”, e evitava pregar em cidades grandes. Em sua aldeia de 1.600 habitantes o analfabetismo era regra, não exceção.

Jesus era mesmo solteiro, o que é extraordinário, em uma cultura judaico-camponesa que valoriza o casamento e a família.

Durante dois anos, Jesus pregou na Galileia, na Judeia e em Jerusalém. Proclamava-se o ‘messias’. Assim como Jesus existiam outros “profetas” que também se intitulavam o messias.

Aos olhos das seitas judaicas, Jesus, o Galileu, blasfemava. Ao todo, no Novo Testamento, fez 31 milagres, dos quais, 17 curas e 6 exorcismos. Na tradição judaica, os homens ficavam doentes porque pecavam e a cura era um monopólio divino. O que é praticamente consenso entre os pesquisadores é que Cristo atuava em curas por conta própria, indiferente aos poderes religiosos constituídos no Templo de Jerusalém. Assim, um homem que sempre estava desafiando o poder.

Os desafios se agravaram na festa da Páscoa do ano 30 quando usou de uma profecia do livro de Zacarias e entrou em Jerusalém aclamado como rei e sentado em um jumento. Saudado pelo povo que abanava ramos, invadiu o Templo e expulsou fariseus e saduceus. Estava decretada a sentença de morte. Morreu porque desafiou o poder existente na época. Morreu porque colocou em xeque-mate o poder de líderes religiosos e temporais.

Assim, a história confirma que Caifás, o Sumo Sacerdote, ordenou a prisão. Na quinta-feita à noite, percebendo que o cerco se fechava, reuniu seus apóstolos e celebraram a Última Ceia, a Páscoa Judaica.

Também é confirmada historicamente a captura no jardim de Getsêmane. Levado para o Sinédrio, o Conselho dos Sacerdotes do Templo, o prisioneiro reafirmou sua missão divina. Na manhã de sexta-feira, no pretório, a residência do procurador Pôncio Pilatos, na presença de Caifás, foi condenado. Não se sabe ao certo se figuras como Judas Iscariotes, o traidor, de fato existiu. Muito menos que Pilatos teria lavado as mãos e deixado a condenação a cargo dos judeus. Pilatos, segundo documentos históricos era um homem violento e detestava a Judeia.

A Sexta-Feira da Paixão surgiu no dia 7 de abril de 30. Jesus foi crucificado no monte Gólgota. Tinha 36 anos. E aqui acaba a história do homem Jesus de Nazaré, o Galileu. Tudo o que vem posteriormente é fé.

(Jeferson Vieira – é jornalista do Primeira Página, Historiador, Filósofo e Mestre em Educação)

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