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Mulheres ocupam espaços no Corpo de Bombeiros de São Carlos

08/03/2016 00h58 - Atualizado há 8 anos Publicado por: Redação
Mulheres ocupam espaços no Corpo de Bombeiros de São Carlos

Em homenagem ao 8 de março, o Primeira Página conversou com duas policiais militares que atuam junto ao Corpo de Bombeiros de São Carlos: a cabo Katia Regina Dente, há 18 anos na Polícia, seis dos quais dedicados ao Corpo de Bombeiros; e a soldado Daniela Testa, na Corporação desde novembro de 2014.

Atualmente, a cabo Katia atua na área administrativa, cuidando de aspectos como afastamentos, férias, pagamentos dos bombeiros que trabalham na atividade-fim: “Além de planilhas e dados destinados às estatísticas para o comando”.  Logo no começo, ela conta que trabalhou no policiamento a pé e na ronda escolar: “Trabalhei em grandes eventos também, reuniões na Avenida Paulista, por exemplo. Depois fiquei cinco anos no Hospital Militar”.

A cabo estudou fisioterapia, e atuou junto à Unidade de Terapia Intensiva e às áreas de ortopedia e neurologia. O sonho de tornar-se bombeiro veio depois: “E é algo que eu gosto muito, admiro muito”, conta.

Desde que atua na corporação, ela conta que aconteceram muitas mudanças: “E para melhor”, afirma, dizendo que sempre houve a aceitação das mulheres, mas que essa aceitação foi melhorando: “No início era uma coisa diferente, mas agora não, já é uma integração mais natural”. Segundo ela, não houve também qualquer oposição por parte de seus familiares: “Eles ficaram um pouco preocupados por ser uma atividade com alguns riscos, mas ficaram muito orgulhosos”, conta a cabo Katia.  

Sobre o exercício da profissão, seja como policial, seja como bombeiro, ela afirma que é recompensador perceber o quanto as pessoas são gratas: “O alívio, o conforto que levamos para as pessoas, e o que me marca é essa gratidão da população. E, mesmo na administração, nós ajudamos para que isso aconteça, pois ajudamos nossos colegas que trabalham na rua e ficam tranquilos com a parte administrativa da vida deles”.

A soldado Daniela Testa explica que, já na escola de formação, a maioria dos alunos eram homens: “Na minha turma tinha cerca de 320 alunos sendo que pouco mais de 20 eram mulheres. Então essa convivência com os homens já vem desde a escola”.

Segundo ela, é mais comum ter mulheres na Corporação em São Paulo do que no interior, e sentiu essa diferença: “Esse fato gera uma expectativa, tanto para eles quanto para mim”. Segundo ela, a expectativa que ela sentiu está relacionada ao questionamento de se uma mulher consegue ser bombeiro: “Não por ser alta, baixa, forte, fraca, porque isso é variável nos homens também, mas por ser mulher isso gera essa expectativa. Fui muito bem recebida quando cheguei. No início eles deram bastante atenção no intuito de me deixar à vontade e dar instrução. E, na ocorrência, os bombeiros atuam sempre em conjunto”.

Ela conta que essa atuação em grupo é incentivada desde a escola: “Lá a gente andava sempre em cangas, em pares. Às vezes um quer ir para um lugar, outro, para outro, mas precisamos chegar a um acordo e atuar em conjunto”. E ela diz que isso é importante no momento de atuar nas ocorrências: “Pois precisamos olhar para a guarnição, entender a necessidade e colaborar de alguma forma”. Afirma também que atuar junto a profissionais experientes, como acontece, é o mesmo que ter uma nova escola: “Como mulher, tento fazer tudo o que eles fazem. Tenho minhas limitações, e as reconheço, mas em momento algum eu penso que não consigo fazer, que não vou fazer, ou tenho medo de fazer, e tento sempre me superar, e estar junto sempre, colaborando sempre”.

Ela avalia que, em uma ocorrência, o fato de existirem homens e mulheres em uma ocorrência pode deixar algumas pessoas mais à vontade dependendo da situação: “E espero que cada vez tenha mais bombeiras e que eu e a Katia possamos abrir cada vez mais espaço, e que isso se torne algo cada vez mais normal”.

O Bombeiro, afirma, tem espaço para todos os tipos de pessoa. Ela afirma que cada ocorrência é um desafio porque é uma circunstância diferente: “É uma pessoa diferente, é um lugar diferente, uma situação diferente”.

O recado da soldado Testa para esse dia é o seguinte: “É importante que a mulher ocupe todos os espaços, conquiste aspecto da igualdade de gênero. E a mulher tem que ocupar esses espaços somando, e não competindo com homens ou com outras mulheres. A mulher tem que ser livre e ser o que ela tem vontade de ser”.        

Já a cabo Katia deixa o seguinte recado: “Parabenizo todas as mulheres que lutaram para estar em uma atividade que durante muitos anos era vista apenas como uma atividade masculina, e acredita que a cada ano isso vai melhorar”.

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