Notícia da proclamação da República chegou em São Carlos na noite do dia 15
A Proclamação da República em 15 de novembro de 1889, há exatamente 122 anos pegou a cidade de São Carlos de surpresa. Ao mesmo tempo, ao invés de atender às demandas da população, principalmente a de baixa renda e a classe média por melhor qualidade de vida, o novo regime apenas consolidou o poder nas mãos da oligarquia cafeeira, que também controlava a política nacional, provincial e local.
O historiador Rubens Ramiro Júnior ressalta que a cara de “modernidade” da República escondia a recauchutagem que, na verdade, fazia do antigo império para manter o poder nas mãos dos barões do café. “O novo regime político apenas tirou o poder da corte para entregá-lo diretamente aos fazendeiros que passaram a acumular os poderes político e econômico”.
A notícia da Proclamação da República, segundo Cincinato Braga, chegou a São Carlos às 17h do dia 15 de novembro de 1889 através do telégrafo da redação do jornal O Movimento e pegou a população de surpresa. Á noite houve a confirmação da notícia e o fato foi comemorado pelos republicanos locais ao som da Marselhesa.
“Na verdade, os fazendeiros queriam a República. O Federalismo descentralizou a política favorecendo os cafeicultores. A arrecadação de impostos também foi descentralizada. Antes, no Império, estes recursos eram centralizados na corte. A arrecadação de impostos passou a ficar com os Estados [então chamados de províncias] o que deixou o orçamento estadual nas mãos dos barões do café. E São Carlos era cidade estratégica dentro deste cenário. Este quadro beneficiou a cidade”, comentou Ramiro.
Desta forma, o Município que tinha grande influência na monarquia através do empresário e político Antonio Carlos de Arruda Botelho, o Conde do Pinhal, continuou a ter grande força no novo regime. O irmão caçula do conde, Bento Carlos de Arruda Botelho, era um dos maiores entusiastas da causa republicana desde a fundação do Partido Republicano Paulista em 1878.
O historiador explica ainda que grande parte dos recursos obtidos através de tributos em toda a Província, foram investidos no próprio sistema de transportes e de infra-estrutura para agilizar a produção e o escoamento do café para o exterior. “Assim, vivemos o boom da ferrovia e de portos para viabilizar esta expansão da indústria cafeeira, que então representa 65% da pauta de exportação brasileira. O Estado de São Paulo viveu uma grande processo de desenvolvimento, que ficou conhecido como modernização conservadora”