“O mundo precisa mais de oração”, diz bispo
Começou ontem a Semana Santa para todos os católicos do mundo. Momento em que muitos, principalmente os que estão afastados de Deus, buscam refletir sobre a vida, a morte e a fé. Para o bispo de São Carlos, Dom Paulo Sérgio Machado, a “semana maior da Igreja” é momento de esperança em dias melhores, na libertação do pecado que aflige o mundo moderno. Veja a entrevista:
Primeira Página: Estamos entrando na Semana Santa, qual o significado desta semana para os católicos?
Dom Paulo Sérgio Machado: A igreja possui duas grandes solenidades, grandes festas, a Páscoa e o Natal. Estas festas são preparadas pela Quaresma e Advento respectivamente. Para nós, a Páscoa é a passagem, é a ponte. Imagina você precisando atravessar um rio e não há esta ponte. É a passagem da morte para a vida, do pecado para a graça. É a semana da esperança. Esperança em uma vida melhor, na redenção do pecado.
A Igreja possui ritos e gestos muito expressivos neste período. O que eles simbolizam e por que destes símbolos?
Dom Paulo: A Igreja neste período tem três gestos importantes, o jejum, esmola e a oração. São chamados exercícios quaresmais. O jejum não é ficar sem comer, uma vez que você fica sem comer durante o dia e depois dá meia-noite, a pessoa ataca a geladeira. Que jejum é esse? O jejum é sentir fome, é ser solidário a quem passa fome. Este é o símbolo do jejum. A esmola é o gesto de caridade, de partilha, de doação. E a oração é o contato que te volta e te eleva a Deus. Assumimos com a oração a condição de filho querido de Deus.
A Campanha da Fraternidade ajuda nesta reflexão e oração quaresmal?
Dom Paulo: Sim, no Brasil, desde 1964, época da ditadura militar, temos a Campanha da Fraternidade, na qual se discute temas fortes da nossa sociedade. Somos cristãos que vivem em sociedade. Ser cristão é atuar nesta sociedade, é discutir os seus problemas e ajudá-los a resolver.
Há muitos católicos somente de “Sexta-Feira Santa”, como o senhor vê isso?
Dom Paulo: Vejo como filhos. Como aquele filho mais distante. Ele é filho desta Igreja que é mãe. A Igreja precisa olhar com mais carinho este católico distante, a Igreja precisa ser mãe de verdade e ir buscá-lo. Mas que bom, que pelo menos ele veio na Sexta-Feira Santa, é o começo, o caminho. Precisamos ficar mais atentos com quem está longe.
Falar em Páscoa é também falar em união. Por que é tão difícil a união, a proximidade entre os cristãos de todas as denominações?
Dom Paulo: O ecumenismo é o grande desejo da Igreja e também o grande desafio. Precisamos respeitar mais as igrejas, somos moradores da mesma casa, temos o mesmo Deus e por não saber lidar com as diferenças e diversidades, acabamos não sendo irmãos.
Uma mensagem para esta semana santa.
Dom Paulo: Desejo a todos que tenham uma santa Páscoa. Páscoa é saúde, é paz, alegria, amor, harmonia: é isso que desejo para todos, sem distinção.