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Pesquisa indica divergências em dados da Covid-19

Nos boletins retirados da Prefeitura, é possível observar que o número de mortes pode ter sido atualizado de forma retroativa

28/07/2020 07h56 - Atualizado há 4 anos Publicado por: Redação
Pesquisa indica divergências em dados da Covid-19 Foto: Divulgação

Nas últimas semanas, a cidade de São Paulo tem dado passos na direção da reabertura gradual do comércio e da flexibilização das medidas de isolamento social. Porém, um estudo comparativo realizado por um pesquisador do Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria (CeMEAI) mostra que os dados sobre óbitos por Covid-19 divulgados pela Prefeitura têm sofrido alterações retroativas nos boletins emitidos diariamente.

Nos boletins retirados da Prefeitura, é possível observar que o número de mortes pode ter sido atualizado de forma retroativa – ou seja: se, por exemplo, uma vítima da Covid no dia 15 de julho teve o diagnóstico da doença como causa da morte apenas no dia 20, seu óbito será contabilizado no dia 15, e não no dia 20. Dessa forma, o número de óbitos diários é mitigado, já que as mortes estariam sendo distribuídas nos dias anteriores.

Se os óbitos fossem contabilizados de acordo com a data de constatação da Covid, como no boletim do dia 14, e não a partir da data da morte em si, como no boletim do dia 15, os dados de óbitos no período entre os dias 9 e 13 de julho seria praticamente o dobro do que foi informado.

Comparando os dados da Lombardia, na Itália, e da cidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos, com os números informados pela Prefeitura de São Paulo, pode-se perceber que não houve um pico abrupto de óbitos diários na capital paulista – ao contrário do que ocorreu nas outras duas regiões. Dessa forma, a partir desses dados, não é possível identificar ao certo se já houve o pico na capital, ou, ainda, que o declínio dos óbitos diários observado na Lombardia e em Nova Iorque ocorrerá em São Paulo.

“Analisando os dados e os gráficos de Nova Iorque e da Lombardia, é possível observar que as duas curvas apresentam comportamentos similares, isto é, uma espécie de assinatura de como a pandemia se comportou nessas regiões. Isso não é possível constatar na curva de São Paulo. Uma hipótese poderia ser a questão da ausência de uma testagem massiva, ou ainda, por outro lado, como o resultado – positivo – do isolamento social adotado nos primeiros meses da pandemia. Nesse sentido, São Paulo parece estar esticando a curva, o que em um primeiro momento é algo positivo. Porém, é importante ponderar que, como o número de novos óbitos ainda se mantém elevado, essa regularidade acaba sendo prejudicial, já que, ao contrário das outras regiões, não vemos indícios fortes de quedas no número de óbitos”, explica Wallace Casaca, responsável pelo estudo comparativo entre as cidades.

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