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Pesquisadores desenvolvem método para detectar Parkinson

Tecnologia determina dois biomarcadores relacionados com a doença

23/09/2020 10h57 - Atualizado há 4 anos Publicado por: Redação
Pesquisadores desenvolvem método para detectar Parkinson Foto: Jefferson Henrique de Souza Carvalho

A doença de Parkinson é uma doença degenerativa e progressiva de áreas específicas do cérebro, caracterizada pelo tremor dos músculos em repouso, pelo aumento no tônus muscular, instabilidade de movimentos e dificuldade de equilíbrio. Embora atualmente não exista cura para a doença, se descoberta precocemente, ela pode ser tratada de maneira eficaz, retardando a evolução dos sintomas. O desafio, no entanto, é que até o momento não há exames neurológicos e tomografias computadorizadas que demonstrem essas alterações físicas. Pensando na potencialidade dos marcadores biológicos auxiliarem a descoberta nos estágios iniciais de diversas doenças, os pesquisadores do Departamento de Ciências da Natureza, Matemática e Educação (DCNME) da Universidade Federal de São Carlos, Bruno Campos Janegitz, Gabriela Carolina Mauruto de Oliveira e Jeferson Henrique de Souza Carvalho, numa parceria com Laís Canniatti Braazaca, da Universidade de São Paulo (SP), e Nirton Cristi Silva Vieira da, Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), desenvolveram uma tecnologia que determina dois biomarcadores – a dopamina e a proteína DJ1 – relacionadas com a doença de Parkinson.

A patente de invenção, intitulada “Eletrodos flexíveis de platina utilizados como biossensores eletroquímicos para determinação de biomarcadores relacionados ao Mal de Parkinson e método de fabricação”, realiza a análise eletroquímica através da utilização da dopamina de uma amostra, inserindo-a no eletrodo e determinando a disfunção dos biomarcadores que significam que o paciente tem a predisposição de desenvolver o Parkinson. Isso acontece porque a proteína DJ1 atua no bloqueio da sinapse, e sua disfunção faz com que a estrutura física do paciente comece a tremer.

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, de 2018, 1% da população mundial acima de 65 anos já convivia com a doença de Parkinson, sendo que, no Brasil, a estimativa é de que ela acometa mais de 200 mil pessoas. Considerando a expressividade destes números pouco explorados na literatura científica, o grupo liderado por Bruno Janegitz investiu em atuar na detecção de doenças autoimunes acreditando num mercado promissor de tratamento através da indústria farmacêutica. “A detecção de uma doença neurológica tão debilitante quanto a Doença de Alzheimer que leva o paciente à demência ainda é limitada”, relata.

Levando cerca de um ano para ser desenvolvida – desde os testes preliminares em amostras sintéticas – durante a pesquisa de mestrado em Biotecnologia de Gabriela de Oliveira, os diferenciais desta tecnologia se referem à portabilidade, agilidade e sustentabilidade. “É um equipamento novo que pode ser levado e utilizado em qualquer hospital e laboratório de análises, levando cerca de 5 horas para oferecer o diagnóstico. Além disso, por se tratar de um filme de platina flexível, o sistema pode ser facilmente descartado”, explicou Janegitz.

A tecnologia poderá interessar às indústrias farmacêuticas e laboratórios nacionais e internacionais, e foi recentemente publicada em revista de alto impacto e uma das mais importante na área de biossensores. Para estar disponível no mercado, no entanto, a tecnologia carece do interesse da indústria, além de incentivo governamental com impostos negociáveis a partir de seu licenciamento. O pesquisador acredita que o alinhamento do Governo poderia destravar a inovação no Brasil à medida que os empresários entendessem que diversas soluções podem ser desenvolvidas dentro das universidades, e produzidas em larga escala no Brasil, com baixo custo e fácil acesso. Nesse sentido, do ponto de vista sintético, todas as etapas foram realizadas em escala laboratorial, mas há a necessidade de realizar os testes clínicos com amostras de pacientes com a doença através de parcerias com hospitais e indústrias farmacêuticas ou médicas visando validar como os biomarcadores se manifestam.

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