Pesquisadores lançam livro sobre impacto das nanopartículas na saúde humana
O Grupo de Biomateriais da UNESP de Araraquara publicou o livro “Engineered nanomaterials: nanotoxicology issues, nanosafety and regulatory affairs”. A obra tem como autores os pesquisadores Carla dos Santos Riccardi (Farmacêutica-Bioquímica e Doutora em Biotecnologia), Márcio Luiz dos Santos (Doutor em Química) e Antonio Carlos Guastaldi (Professor Titular do Departamento de Físico-Química do Instituto de Química de Araraquara da Unesp).
Publicado pela Editora Cultura Acadêmica da Unesp, o objetivo do trabalho foi, além de destacar a importância do desenvolvimento tecnológico em nanomatérias, refletir criticamente o entendimento do impacto das nanopartículas à saúde humana e ao meio ambiente.
Segundo o professor Guastaldi, o trabalho consistiu na análise sistemática da literatura nacional e internacional, no período de 2000 a 2014, incluindo os investimentos internacionais e brasileiros, bem como as prioridades estratégicas em Programas Governamentais em Nanotecnologia; também foram analisados os artigos científicos nas áreas de nanociências e nanotecnologias, bem como os aspectos de toxicidade à saúde humana; os métodos alternativos ao uso de animais em testes de toxicidade de nanomatérias; e, os desenvolvimentos recentes em assuntos regulatórios da nanotecnologia.
Segundo o professor, as nanociências e nanotecnologias têm crescido em termos de produção científica e acadêmica, bem como o desenvolvimento do mercado tecnológico mundial: “No entanto, os cientistas, os pesquisadores e as organizações governamentais e não-governamentais, bem como os consumidores manifestam preocupação quanto aos riscos à saúde humana, segurança ocupacional e impacto ambiental proveniente das aplicações da nanotecnologia. Apesar dos interesses econômicos e tecnológicos, o crescente número de publicações envolvendo o entendimento das etapas de síntese, caracterização e aplicação das nanopartículas, apresentam dados científicos e epidemiológicos conflitantes sobre os riscos à saúde humana e os impactos ambientais da nanotecnologia”, explica Guastaldi.
O grupo identificou que as agências reguladoras internacionais têm sido bem sucedidas na implementação de procedimentos de segurança para a saúde humana relacionados com exposições ocupacionais: “No entanto, observou-se que os impactos para a saúde humana e para o meio ambiente quanto à utilização em longo prazo de nanoprodutos ainda são desconhecidos”, afirma o professor.
Dentro deste contexto, existe o seguinte questionamento: quais as direções estratégicas mundiais quanto a uma regulação específica para o uso da nanotecnologia? “Até o momento, não há uma regulação internacional específica para os produtos disponíveis comercialmente que incorporem nanopartículas em alguma etapa do processamento industrial. Outro ponto a ser argumentado refere-se à ausência de protocolos internacionais padrão confiáveis para a avaliação da toxidade humana e ambiental às nanopartículas”, conclui o professor.
