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Polícia desconfia que fórmula da ‘pílula do câncer’ foi furtada da USP

11/12/2015 10h43 - Atualizado há 8 anos Publicado por: Redação
Polícia desconfia que fórmula da ‘pílula do câncer’ foi furtada da USP

O delegado Jeferson Lisboa, da Coordenação de Repressão aos Crimes contra o Consumidor, à Ordem Tributária e a Fraudes (Corf) da Polícia Civil, afirmou que o próximo passo da investigação que desmantelou um grupo que falsificava a fosfoetanolamina sintética, substância utilizada no tratamento de câncer por alguns pacientes, foi furtada durante uma visita aos professores Gilberto Chierice e Salvador Claro Neto, do Instituto de Química da USP de São Carlos (IQSC). Na quinta-feira, 9, a polícia confirmou o bloqueio das contas de três dos cinco integrantes do grupo.

“Não temos uma conclusão de investigação nesse sentido. Neste momento, apuramos a situação da lavagem de dinheiro, mas temos informações que numa visita à USP e aos pesquisadores houve a subtração da fórmula. Se esse fato aconteceu, queremos saber como ocorreu a subtração”, disse o delegado Jeferson Lisboa, ao Primeira Página.

O Instituto de Química alega que nunca houve nenhum tipo de furto em suas dependências e a fórmula é protegida por patente. Na última terça-feira, 8, um grupo formado por cinco pessoas que comercializava a fosfoetanolamina foi descoberto pela Polícia do Distrito Federal. Eles fabricavam e vendiam a substância por meio de encomendas nas redes sociais. Agentes prenderam em Brasília Jonas Lutzer, que se identificava como Ricardo para as vítimas. O irmão dele, Sérgio Gabriel Lutzer foi detido em Conchal (SP), onde o bando mantinha um laboratório clandestino.

Também integravam o grupo Maria Madalena Lutzer, Sérgio Alexandre Lutzer e Ana Lutzer. Segundo o delegado Lisboa, a polícia tenta identificar pacientes que receberam a recomendação do grupo para interromperem os tratamentos convencionais. “Se isso ficar comprovado, se alguma pessoa morreu por conta dessa recomendação, vamos acionar a coordenação de homicídios da Polícia Civil”, disse Lisboa. “Além disso, era um leigo produzindo um medicamento. [a interrupção do tratamento] só poderia ser feita por um médico”, afirmou o delegado.

 

IMPRECISA – De acordo com o delegado Jeferson Lisboa, o laboratório não tinha condições de higiene. Além disso, a mistura das substâncias que compunham as cápsulas era imprecisa. “Era impossível a mistura exata nas cápsulas”, garantiu o delegado, que vai solicitar uma análise da falsa fosfoetanolamina.

Apesar do pedido do delegado, a substância já passou por um teste no Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo, que constatou: as cápsulas de Conchal têm potencial 10 vezes menor que a substância sintetizada na USP.

 

LAVAGEM – Nessa etapa da investigação, segundo Lisboa, a investigação se concentra na lavagem de dinheiro. Ao que consta, várias empresas e Organizações Não-Governamentais (ONGs) foram abertas para lavagem de dinheiro. Potes com 60 cápsulas eram vendidas entre R$ 150 e R$ 180. Estima-se que o grupo faturava algo em torno de R$ 900 mil por mês.

Os suspeitos vão responder por venda de medicamentos sem autorização e organização criminosa. A pena pode chegar até 23 anos de reclusão.

Na quinta-feira, a Polícia Civil do Distrito Federal confirmou o bloqueio das contas de três acusados de venderem a fosfoetanolamina. As contas bancárias da falsa ONG Direitos Humanos e Cidadania também foram bloqueadas. A Polícia quer saber a relação entre o grupo e a ONG.

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