São Carlos lidera ranking entre maiores municípios paulistas
Estudo do NEC, baseado em dados oficiais, destaca “Capital da Tecnologia” entre 41 cidades paulistas com mais de 200 mil habitantes
Reportagem: Marco Rogério
Usando como parâmetro o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) tradicional, que avalia áreas como saúde, educação e economia, São Carlos tem a melhor qualidade de vida entre os 41 municípios paulistas com mais de 200 mil habitantes.
Esta realidade foi apresentada na manhã de ontem, 2 de dezembro, no Hotel Nacional In, em São Carlos, por um estudo desenvolvido pelo NEC (Núcleo de Estudos das Cidades) em trabalho realizado pelos professores Antonio “Coca” Ferraz (coordenador) e José Leomar Fernandes Jr., da USP, Fernando Hirose, da UFSCar, e Magaly Romão, da FATEC. São Carlos obteve a nota 9,09, a maior de todas. Rio Claro obteve a 13ª colocação no geral do IDH tradicional com nota 7,43 e Araraquara ficou na 14ª posição, com nota 7,38.
As áreas de Economia, Saúde e Educação compõem o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) utilizado pela Organização das Nações Unidas (ONU) para comparar o desenvolvimento socioeconômico dos países. Esse mesmo índice também é utilizado para avaliar estados e municípios – neste caso o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM). Dessa forma, são áreas consolidadas internacionalmente na caracterização do desenvolvimento socioeconômico (qualidade de vida) de países, estados e municípios.
Em outros parâmetros de comparação, São Carlos fica em quarto lugar na classificação geral, com nota 8,45, atrás de Jundiaí, Indaiatuba, Piracicaba e Americana. No mesmo quesito, Araraquara apareceu na 14ª posição, com 7,28, enquanto Rio Claro aparece na 18ª colocação, com nota 7,09. No quesito que dá peso 2 (maior) para educação e segurança, São Carlos aparece em 1º lugar novamente, com nota 8,92. Os mesmo critérios classificam Araraquara como 12ª colocada, com nota 7,39 e Rio Claro na 15ª posição com nota 7,18.
De acordo com o professor Coca, da USP, o estudo representa uma ferramenta de grande importância para a gestão pública no âmbito municipal, pois permite conhecer o desempenho de cada área e dos indicadores que a compõem em comparação com outros municípios, bem como acompanhar a evolução do desempenho ao longo do tempo – informações de grande relevância para a alocação racional de recursos econômicos, gerenciais e a avaliação dos resultados das ações empreendidas. “Essa comparação também é relevante para os governos estadual e federal na definição e acompanhamento das políticas de desenvolvimento dos municípios”, explica o pesquisador.
Segundo Coca, o objetivo do trabalho foi contribuir com o desenvolvimento dos municípios. “Apresentamos um diagnóstico dos pontos fortes e pontos fracos de cada município. Assim, o gestor vai poder ter uma ferramenta importante para melhorar sua administração corrigindo eventuais falhas”, analisa.
O estudo apresenta uma avaliação do nível de desenvolvimento socioeconômico (qualidade de vida) dos municípios do estado de São Paulo com população superior a 200 mil habitantes – são 41 municípios que concentram aproximadamente 64% dos residentes no Estado.
A pesquisadora Magaly Romão, da FATEC, explica que o estudo vai poder fazer o gestor municipal identificar a situação de seis áreas de sua gestão. “Precisamos aprender com o passado e nos preparar para o futuro e para isso temos que ter foco, pois os recursos são muito escassos. Nossos dados são extremamente transparentes e lidam com dados oficiais, o que é muito importante. Não podemos ficar no ‘acha’, temos que ter informações claras sobre o que acontece de fato no município”.
O relatório foi apresentado para prefeitos, ex-prefeitos, vereadores, empresários e representantes de entidades públicas e privadas. O prefeito de Rio Verde (GO), Paulo Faria do Vale, ressalta a importância de um diagnóstico preciso sobre a gestão municipal. “O trabalho foi realizado por um grupo de pesquisadores de alto gabarito no Brasil. O gestor, diante dos dados, pode ter ferramentas para avaliar e melhorar seu trabalho. Nossa ideia é levar subsídios para nossa cidade para melhorarmos ainda mais nosso trabalho”, afirma.
O vice-prefeito de São Carlos, Edson Ferraz (MDB), afirma que o relatório é muito importante para que, com dados exatos, o governo municipal possa concretizar ações de governo. “É um estudo muito sério comandado pelo professor Coca. Este trabalho será de extrema importância para a sequência da gestão municipal de São Carlos”.
Presidente da Câmara Municipal de São Carlos, o vereador Roselei Françoso (MDB) também aplaudiu o trabalho liderado por USP, UFSCar e FATEC. “Diagnóstico é algo sempre importante para podermos direcionar os investimentos e planejar a cidade. A Prefeitura, a Câmara Municipal e as entidades precisam ter acesso a estes estudos para que possamos melhorar cada vez mais a gestão com ideias criativas e originais. A partir destes indicadores temos que buscar agir para buscar melhoria de qualidade de vida para o município”, comentou.
Duarte Nogueira (PSDB), prefeito de Ribeirão Preto, mostrou entusiasmo com a pesquisa. “Mais de metade da população mundial vive na cidade. No Brasil, 85% do vive nas cidades. No Estado de São Paulo a população urbana é de 93%. Em Ribeirão Preto 99% da população está na zona urbana. Temas como empregabilidade, meio ambiente, sustentabilidade, saneamento básico, mobilidade urbana precisam ser amplamente discutidos. Com isso, com os recursos disponíveis, sem aumentar impostos, temos que fazer mais pela população. Temos que nos reciclar, conhecer novas ideias e trocar ideias com prefeitos de outras cidades para saber como eles combatem seus problemas”, destaca o tucano.
Para o presidente da Associação Mundial de Produtores de Açúcar, Eduardo Vasconcellos Romão, também presente ao evento, para fazer a perspectiva de cadeia produtiva é fundamental conhecer a realidade dos municípios. “Temos que conhecer os dados municipais para saber como está a integração entre o urbano e o rural. Através da pesquisa é que sabemos como está a interação entre o mundo da cidade e o mundo da agricultura”.
CLASSIFICAÇÃO GLOBAL
(IDH tradicional: Saúde, Educação e Economia)
Classificação Município Nota média global
1 São Carlos 9,09
2 Jundiaí 9,05
3 Indaiatuba 9,04
4 Americana 8,43
5 São José dos Campos 8,17
6 Piracicaba 7,97
7 São Bernardo do Campo 7,79
8 Hortolândia 7,67
9 Barueri 7,60
10 São José do Rio Preto 7,53
11 Franca 7,48
12 Campinas 7,44
13 Rio Claro 7,43
14 Araraquara 7,38
15 Limeira 7,15
16 Taubaté 7,07
17 Sorocaba 6,86
18 Marília 6,70
19 Santo André 6,69
20 São Paulo 6,52
21 Ribeirão Preto 6,41
22 Santos 6,28
23 Sumaré 6,19
24 Jacareí 6,09
25 Cotia 6,05
26 Presidente Prudente 5,94
27 Mauá 5,83
28 Bauru 5,73
29 Mogi das Cruzes 5,20
30 Osasco 4,94
31 Diadema 4,93
31 Embu das Artes 4,93
31 Praia Grande 4,93
34 Taboão da Serra 4,92
35 Carapicuíba 4,91
36 Guarulhos 4,83
37 Itapevi 4,77
38 Suzano 4,66
39 Guarujá 3,65
40 Itaquaquecetuba 3,60
41 São Vicente 3,24.
