Transporte público perde 700 mil passageiros no ano
Funcionários e diretores da Athenas Paulista, representantes da Prefeitura e do Sindicato do Transporte Urbano se reuniram na tarde de ontem, no Paço Municipal, para discutir o pagamento dos motoristas e cobradores, que apresentou atraso. O movimento dos funcionários se estende desde segunda-feira, 14, quando um grupo foi à sede do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) em protesto pela falta de pagamento. Na ocasião, a empresa de transporte admitiu o problema e se comprometeu a pagar o salário de 60% dos empregados na última terça-feira, 15, fato que aconteceu, conforme relatos do grupo.
O diretor da Athenas Paulista, Miguel Cimatti, admitiu que a empresa enfrenta dificuldades financeiras, que foram agravadas com a queda no fluxo de passageiros. Segundo ele, a empresa teve uma queda de 770 mil passageiros no ano, o que soma R$ 2,8 milhões, ou 10% da receita anual da empresa.
“Os meses de outubro, novembro e dezembro são os mais difíceis para a empresa. E nós sofremos há anos um desequilíbrio financeiro. Temos uma ação solicitando a reparação das perdas tarifárias de 2004 a 2006 de R$ 11 milhões, que em números atuais chegam a R$ 24 milhões”, diz Cimatti.
Atualmente, a Prefeitura de São Carlos repassa um subsídio mensal de R$ 700 mil, mas por conta dos saques do Tesouro, a destinação dos recursos não ocorre de forma integral. No mês de outubro, o valor foi repassado em três parcelas. A folha de pagamento da Athenas Paulista é de R$ 1,7 milhão mensal; com os encargos, chega a R$ 2,5 milhões.
IMPASSE – Cimatti teme que sem o subsídio de, aproximadamente R$ 365 mil previstos para serem pagos até 20 de dezembro, o pagamento da segunda parcela do 13º salário deve ficar comprometido. Para agravar ainda mais a situação, durante a reunião, o diretor financeiro da Prefeitura, Sérgio Monsignati apresentou um documento de penhora de R$ 150 mil do subsídio da Athenas, referente a uma ação judicial.
Os funcionários alertaram à direção da empresa que se não houver o pagamento do 13º, eles farão uma paralisação de quatro horas do serviço de transporte urbano. Na reunião, a Prefeitura e a empresa garantiram recursos para o pagamento do 13º, mas não asseguraram o pagamento do vale, previsto para a mesma data.
“Apesar dessa decisão, o resultado da reunião foi produtivo. A Prefeitura já sinalizou a abertura da licitação para a escolha de nova empresa do transporte e se caso os funcionários entrarem em greve, da contratação emergencial de uma empresa. O que nós queremos é garantir o direito dos trabalhadores e a segurança que eles terão as mesmas condições oferecidas pela Athenas”, disse Amador Bandeira, presidente do Sindicato do Transporte Urbano.
O prefeito Paulo Altomani (PSDB) garantiu que vai manter o pagamento dos subsídios até que o processo de licitação para a escolha da nova empresa esteja concluído. “A situação da empresa é muito delicada e fica cada vez mais comprometida com as mudanças econômicas do Brasil. Nós pedimos ao funcionário um pouco mais de paciência, mesmo entendendo as dificuldades deles”, disse Cimatti.