Verba em atraso prejudica pagamento de docentes do Mova, alega entidade
A presidente do “Núcleo Guardiões do Amor”, Viviane Cristina de Mattos, revelou à reportagem do Primeira Página que a entidade não repassou os recursos para o pagamento de bolsas- auxílio aos professores do Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos (Mova) porque a Prefeitura de São Carlos repassou o recurso com atraso, após o fim do convênio. “Se pagássemos os professores, teríamos que devolver esse dinheiro à Prefeitura porque é ilegal receber a verba após o término do convênio”, explica.
O contrato entre a entidade e a Prefeitura para a manutenção do Mova expirou em 16 de maio, contudo a Prefeitura depositou R$ 10,266 mil um dia depois. “Comunicamos essa situação, que foi para a análise do Departamento de Negócios Jurídicos. No dia 6 precisamos devolver o recurso”, comenta.
Viviane disse que desde o começo do ano, a Prefeitura repassa os recursos para o Mova com atraso, o que motivou a entidade a desistir de prosseguir com o convênio. “Os professores vinham à entidade cobrar pelo atraso, mas nós não tínhamos culpa. Dependíamos da verba da Prefeitura para pagá-los”, observa.
O Mova existe desde 2002 e antes todas as entidades que mantinham salas de alfabetização recebiam os recursos. Em 2008, os professores fizeram um movimento para centralizar os repasses e o “Núcleo Guardiões do Amor” recebia R$ 115 mil anuais com o objetivo de pagar os docentes. Desse valor, R$ 15 mil eram destinados para a manutenção das salas. “Outro detalhe que nos levou a desistir do convênio é que, ao pedirmos recursos para a manutenção do abrigo de idosos, havia muita contestação. Todos acham que recebemos mais de R$ 300 mil anuais quando na verdade quase metade desse valor é destinada ao pagamento de professores do Mova. É um fluxo de caixa que não existe”, afirma a diretora da entidade, Maria de Fátima Fontes.
ATRASOS – De acordo com Maria de Fátima, desde o início do ano, a entidade sofre com atraso no repasse de recursos. A reportagem do Primeira Página teve acesso a um recibo em que uma professora recebeu R$ 550 de uma bolsa-auxílio em 21 de março, com mais de 10 dias de atraso. “Os professores vinham à entidade cobrar o pagamento, quando a culpa não é nossa pelo atraso. Esse não é o foco da entidade. O nosso foco é cuidar de idosos. A entidade apenas recebia os recursos para ajudar no pagamento aos professores”, observa.
A Prefeitura de São Carlos foi procurada para se pronunciar a respeito da regularização do pagamento de 30 dias de abril e 16 de maio e como os professores receberiam a bolsa-auxílio.
Em nota, a Prefeitura esclarece que está tomando todas as providências cabíveis para apurar a verdade dos fatos e, que tão logo identifique o que efetivamente ocorreu, fará um pronunciamento definitivo a respeito.
Na última terça-feira, o secretário de Educação, Carlos Alberto Andreucci, recebeu os professores do Mova na Secretaria de Educação e ficou de estudar a melhor maneira para regularizar a situação.
“Aprendi a andar de ônibus sem perguntar para ninguém”, diz aluna do Mova
O “Núcleo Guardiões do Amor” mantém uma sala de aula no Cantinho de Luz há 12 anos. O abrigo tem 31 idosos, 22 deles estudam. Algumas pessoas da comunidade participam do projeto, como a dona de casa Marinete Santina de Azevedo, que começou no programa aos 62 anos.
“Hoje tenho 65 anos e noção do mundo. O Mova me fez bem”, disse a dona de casa. Para descobrir o destino do ônibus, Marinete se orgulha em não incomodar as pessoas. “Aprendi a andar de ônibus sem perguntar para ninguém”. Viajo para Limeira, Araraquara e outras cidades. Espero que esse programa não acabe nunca”, disse.
Os professores esperam até o dia 17 de junho para a solução do problema.