Corso: Organizadores podem ser indiciados por morte
Os presidentes da Atlética UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) e da USP (Universidade de São Paulo) foram ouvidos ontem à tarde pelo delegado Edmundo Ferreira Gomes, titular da Delegacia de Investigações Gerais (DIG), sobre a morte do estudante Bruno Cristiano de Oliveira, 23, ocorrida durante o Corso, micareta de abertura da Taça Universitária de São Carlos, no dia 15 de setembro.
Após depoimentos, os estudantes deixaram o prédio pelos fundos e não quiseram gravar entrevistas.
De acordo com o Edmundo Ferreira Gomes, os estudantes afirmaram que contrataram, de uma transportadora, seis caminhões para transporte e venda de bebidas, porém nenhum dos veículos passaram por vistorias de segurança.
Ainda segundo o delegado, os seguranças que estavam ao lado dos caminhões eram apenas para evitar qualquer tumulto. “Estas pessoas que faziam as escoltas do caminhão não impediam que os participantes chegassem próximos à carroceria, onde estavam as bebidas”.
A DIG pediu um lado técnico para verificar se os caminhões podiam transitar em meio à multidão sem causar risos ou morte. “Os estudantes afirmaram que não houve nenhuma adaptação dos caminhões para que os caminhões circulassem no meio dos estudantes que participam do Corso”, afirmou o delegado.
Segundo o delegado, se ficar comprovado que não foram atendidas as exigências técnicas de segurança, os organizadores, ou seja, as Atléticas da USP e UFSCar podem ser responsabilizadas pela morte do estudante Bruno. No caso, indiciamento por homicídio culposo, sem intenção de matar.
ORGANIZAÇÃO – Segundo o delegado Edmundo Ferreira Gomes, a Polícia Civil não está investigando se a organização foi falha ou não, mas sim a causa morte do estudante. Ontem pela manhã foi ouvido um suspeito de ter agredido o estudante, porém ele não foi reconhecido pelo irmão de Bruno.
Uma testemunha chegou a dizer que o suspeito era semelhante ao que teria agredido Bruno, porém não teve certeza. “No meio da multidão de 15 mil pessoas, encontrarmos o agressor é como achar uma agulha no palheiro, mas a investigação continua”, disse Gomes.
LAUDO IML – Sobre a agressão, Gomes disse estar esperando laudo do IML que trará a causa mortis e se realmente o estudante foi agredido. “As definições que temos nesta área são testemunhais, mais de uma testemunha confirmou a situação de agressão, porém ainda falta o laudo”, explicou o delegado.
A DIG tem até meados de outubro para encaminhar o inquérito à Justiça.
MORTE – O jovem Bruno Cristiano de Oliveira, 23, morreu no dia 15 de setembro, durante a realização do Corso. O estudante caiu sob as rodas traseiras de um caminhão que acompanhava o Corso, levando cervejas para os universitários. O jovem foi socorrido pela Guarda Municipal, mas não resistiu aos ferimentos. Em 2010, o estudante paulistano Ricardo Mitsuo Iawashi, 21 anos, também morreu durante o Corso. O corpo de Iawashi foi encontro em um córrego nas proximidades da USP, um dia após a realização da micareta. (JEFERSON VIEIRA){jcomments on}