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50 anos do Golpe Militar de 1964

10/03/2014 21h29 - Atualizado há 10 anos Publicado por: Redação
50 anos do Golpe Militar de 1964

Durante o mês de março, o Sesc traz uma programação especial que reúne cinema, música, teatro e literatura para que possamos entender como, em pleno regime autoritário, alguns artistas conseguiram responder à censura e repressão durante a ditadura, período mais sombrio do País.

 

Hoje, às 20 horas, a mesa de abertura convida nomes importantes como o cantor e compositor Tom Zé que participou ativamente do movimento da Tropicália, na década de 60; O escritor vencedor do prêmio “Jabuti”, Menalton Braff que por oito anos não pode usar seu nome nas publicações; A profª Drª em História Social Maria Aparecida Aquino (FFLCH/USP) que desenvolveu o projeto de mapeamento e sistematização da série “Dossiês” do Arquivo DEOPS/SP e  por fim a profª Drª em História Social pela UNESP (Franca), Tânia da Costa Garcia, que desenvolve pesquisas sobre música popular, arte engajada, identidade nacional e meios de comunicação.

Juntos, estes importantes nomes irão compartilhar informações sobre o período e alguns contextos em que a arte, uma das únicas ferramentas de meio de expressão da época, conseguiam expressar sua resistência,  sentimentos e expectativas nas entrelinhas.

Na quarta-feira, a partir das 20 horas, Tom Zé fará show na íntegra do álbum “Todos os Olhos” um de seus mais marcantes repertórios lançado em 1973, em plena ditadura.

 

O debate

Tânia da Costa Garcia que fará a mediação do debate, explica que será abordado um panorama do contexto ditatorial em suas três fases, mais especificamente voltado à arte. “Citaremos muito o cenário musical, devido a presença do artista Tom Zé que acompanhou de perto a Ditadura pelo seu envolvimento até hoje”.

Ela contou que o período que antecede o golpe de 64 fora um momento de grande efervescência cultural. “Falaremos da importância da arte engajada, do movimento estudantil que teve um papel essencial fomentando a arte e a revolução, além da força da UNE, festivais de canção na TV que não sofriam uma ainda uma censura radical e o recorte do movimento de contracultura, analisando se existiu uma política cultura, ou apenas repressão”.

Durante a entrevista, ela fez uma breve análise acerca da produção cultural na época. “O movimento, a efervescência cultural antecede a ditadura. Principalmente no cinema e no teatro. A ditadura radicalizava a produção cultural e o movimento cultural continuava apesar da ditadura os oprimir, entretanto, isso tornava os artistas mais criativos na expressão de suas linguagens, já que eles aproveitavam as “frestas culturais” para expor em entrelinhas sua resistência e sentimentos”.

Atualmente, mesmo que pouco tempo depois do golpe, ela avalia que os traços da resistência existem até hoje. “Temos artistas como Tom Zé que participou de todo o movimento, fez parte das revoluções artísticas, contestações e possui um engajamento até hoje. Observamos traços de resistência no hip hop, funk, no rock brasileiro dos anos 80, entre outros. O constrangimento está desaparecendo, isso permite que a arte ocupe de forma ampla seus espectros ideológicos”, finaliza.

 

50 ANOS DE GOLPE

O golpe militar ocorrido em de 31 de março de 1964, qualificado como os “anos de chumbo”, foi o mais longo período de interrupção democrática que o Brasil passou durante a República.

 

Esse período sombrio na história do País foi marcado pela cassação de direitos civis, perseguição política, a falta total de democracia e a repressão àqueles que eram contrários ao regime militar, repressão violenta das manifestações populares, censura, além de assassinatos e torturas.

Após os 50 anos do golpe, ainda tratamos de suas cicatrizes, de um povo que as reconhece como sinais de resistência e  aprendendo com seu legado, sabendo que não podemos mudar o que passou, mas continuamos construindo o que virá.

 

 

 

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