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Autora comenta os momentos difíceis que valeram à pena

13/04/2013 13h50 - Atualizado há 11 anos Publicado por: Redação
Autora comenta os momentos difíceis que valeram à pena

O processo todo não foi fácil para a jornalista. Ela lembra que chegou a sofrer preconceito por parte de algumas pessoas que acreditaram que ela estaria envolvida com o crack na época em que convivia com os usuários. “Minha vida pessoal ficou bastante conturbada no decorrer do processo de elaboração do livro, já que convivi 8 meses com estas pessoas. Eu era vista em companhia deles e as pessoas me julgavam; muitos acreditavam que eu estava envolvida com o crack. O julgamento das pessoas próximas a mim me fez sofrer muito. Muitas vezes tive dificuldade, principalmente no início, de conseguir o depoimento desses dependentes, até adquirir a confiança deles. Falar com os traficantes também foi muito complicado, não foi fácil conseguir com que eles falassem, se expusessem”.

 

Para enfrentar as dificuldades, Ana Paula contou com sua determinação, fé e proteção divina. “Acreditava que tinha uma missão, que eu tinha que trazer essa realidade, precisava fazer isso. Com certeza, a pressão psicológica foi grande, muitas vezes eu chorei quando vi muitas cenas cruéis que o dependente do crack vive; não tinha como não me envolver, como não sentir nada; é um ser humano que muitas vezes estava em situações precárias, sofrendo. Tive forças, pois acreditava em um propósito maior, ia na igreja e pedia proteção a Deus”, revela a autora.

Embora solucionar o problema do crack seja extremamente difícil e um trabalho com resultados em longo prazo. Ana Paula acredita que há solução. “Acredito muito na prevenção, esse é o meu trabalho com a obra, trazer a realidade da droga através dos depoimentos nela contida e dessa forma prevenir. Creio que políticas públicas eficientes também deveriam ser feitas com mais afinco. No decorrer da obra presenciei muitos dos meus entrevistados que queriam fazer um tratamento, internação, por exemplo. O que é um problema, já que a fila de espera é muito grande e muitos não tem condição para pagar o tratamento. Governantes, autoridades, família, educadores, todos deveriam andar de mãos dadas na luta contra a droga pois o usuário sozinho não consegue”, finaliza Ana Paula.

 

PESQUISA – Recente pesquisa realizada pela Universidade Federal de São Paulo mostra que o Brasil tem 2,6 milhões de usuários de crack e cocaína, sendo metade deles dependente (1,3 milhão). O crack é uma droga oito vezes mais potente que a cocaína.

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