Campeões mundiais temem pressão por título brasileiro em casa
A pressão da torcida pela conquista do sexto título em casa pode prejudicar a seleção brasileira na Copa do Mundo, segundo os campeões mundiais Mauro Silva e Marcos.
A partir de 12 de junho, com a partida entre Brasil e Croácia, em São Paulo, o time do técnico Luiz Felipe Scolari inicia sua busca pelo sexto título mundial num grupo que tem ainda México e Camarões.
“A pressão me preocupa, porque aquela mesma pressão que a gente vai impor sobre o adversário, se a gente não estiver fazendo um bom jogo, vai cair sobre a seleção brasileira”, afirmou a jornalistas nesta quarta-feira em São Paulo o ex-goleiro Marcos, campeão em 2002.
“O Brasil é uma das grandes seleções do mundo, está preparado para essa pressão, mas para nós brasileiros não basta ser uma das grandes, tem que ser a primeira, principalmente nessa Copa no Brasil, então talvez essa pressão, que o Felipão sabe controlar muito bem, possa atrapalhar um pouco.”
Marcos trabalhou com o técnico Luiz Felipe Scolari e confia na capacidade dele de lidar com a pressão e acredita que “se a torcida estiver junto com a seleção, não tem quem tire (o título) da gente”.
Na Copa das Confederações do ano passado, a torcida apoiou o time e cantava o hino com entusiasmo, o que contagiou os jogadores e foi citado pela comissão técnica como fundamental para a conquista do título, apesar dos protestos que aconteciam nas ruas por melhoria na saúde e educação e contra os gastos do governo em eventos esportivos.
Para o ex-volante Mauro Silva, a equipe montada por Felipão é jovem, ao contrário dos times campeões do mundo em 1994, que tinha Dunga, Bebeto e Romário, e em 2002, com Ronaldo, Rivaldo, Cafu e Roberto Carlos.
“O grupo é jovem. Tem o Oscar, o Neymar, tendo que assumir uma grande responsabilidade de jogar uma Copa em casa. O torcedor tem uma grande expectativa, ninguém pensa que vai acontecer o que aconteceu em 1950 no Maracanã, então isso gera uma pressão. É importante isso ser bem trabalhado e administrado”, disse Mauro Silva, campeão em 1994, sob comando de Carlos Alberto Parreira, hoje coordenador técnico da seleção.
“Mas eu estou confiante. Eu aposto no Brasil e acho que os grandes rivais são Alemanha, Argentina e Espanha”, acrescentou.
Na única vez em que o país sediou o Mundial, em 1950, o Brasil perdeu a final para o Uruguai por 2 x 1, numa derrota que chocou os brasileiros e ficou conhecida como ‘Maracanazo’.
O campeão mundial de 1962 Amarildo, que substituiu Pelé naquela Copa, disse ter chorado muito, aos 11 anos, ao ouvir pelo rádio a derrota em casa.
“Temos a obrigação de cancelar aquele jogo que até hoje se fala. Temos que dar o máximo que tivermos, os jogadores têm de ter a vontade de destruir aquele ano que ainda não esquecemos”, afirmou Amarildo.