24 de Abril de 2024

Dólar

Euro

Cultura

Jornal Primeira Página > Notícias > Cultura > Cine Belas Artes de BH faz financiamento coletivo para manter portas abertas

Cine Belas Artes de BH faz financiamento coletivo para manter portas abertas

Inaugurado em 1992 em um prédio próximo à Praça da Liberdade, o cinema está fechado desde o dia 19 de março por conta da pandemia

01/10/2020 11h56 - Atualizado há 4 anos Publicado por: Redação
Cine Belas Artes de BH faz financiamento coletivo para manter portas abertas Foto: Reprodução

O Cine Belas Artes, um dos últimos cinemas de rua de Belo Horizonte, iniciou na última segunda-feira (28) um financiamento coletivo para manter suas portas abertas. Inaugurado em 1992 em um prédio próximo à Praça da Liberdade, na região centro-sul da capital mineira, o cinema está fechado desde o dia 19 de março por conta da pandemia do novo coronavírus e enfrenta dificuldades financeiras.

Criada no site Benfeitoria, a campanha SOS Belas Artes já arrecadou R$ 120 mil em dois dias. O valor foi doado por cerca de 1.300 pessoas e corresponde a mais de 60% da meta inicial prevista para um mês, que é de R$ 200 mil. Caso essa quantia seja atingida, o Cine Belas Artes poderá continuar funcionando. Mas o local ainda tem duas novas metas: de R$ 400 mil e R$ 500 mil, que possibilitariam, respectivamente, a compra de novas poltronas para as salas e a modernização sonora do cinema.

O diretor de programação do Cine Belas Artes, Adhemar Oliveira, exalta o papel do cinema de rua de dar espaço para filmes independentes. “O cinema fala sozinho. E ele, ao falar, está expressando a defesa de um tipo de programação e de um modelo de postura, que é estar na rua. Isso faz dele um cinema diferente, que é resultado de um trabalho de 28 anos de várias pessoas”.

Segundo Adhemar, exibir filmes independentes de diferentes regiões é um dos motivos que faz com que a campanha SOS Belas Artes esteja recebendo doações não apenas de moradores de Belo Horizonte, mas de todos os cantos. “O Cine Belas Artes ficou conhecido por dar guarida a filmes independentes brasileiros e internacionais. E tudo isso independentemente dos resultados que eles possam ter. É a vocação do cinema”, destaca.

Mas essa característica não foi suficiente para impedir as dificuldades financeiras. De acordo com o diretor, se já estava complicado antes, a pandemia tornou tudo ainda mais difícil, “principalmente porque não trabalhamos com delivery”, brinca. Em meio a isso, o financiamento coletivo surgiu como a última alternativa para manter o Cine Belas Artes na ativa, já que o cinema tem 17 funcionários e não tem previsão de reabertura.

Para Adhemar, o crowdfunding, outro nome dado ao financiamento coletivo, é uma forma do cinema respirar, já que mesmo depois da reabertura não será fácil. “A gente sabe que a dificuldade depois de reabrir será grande pelos protocolos, pela diminuição da ocupação das salas devido a esses protocolos e até pelo receio da população, que deve ficar mais tranquila em termos de circulação. Podendo voltar ao normal, em que normal voltaremos?”, diz.

Cine Belas Artes dá recompensas a quem contribui com o financiamento coletivo

Para atrair doadores para a campanha, o Cine Belas Artes definiu recompensas, que variam de acordo com os valores de contribuição Quem doa R$ 30, por exemplo, pode ter o nome em uma vinheta de abertura antes dos filmes. De acordo com cada faixa de doação, o cinema também irá disponibilizar ingressos gratuitos, enviar camisetas exclusivas e até bordar nomes em poltronas das salas.

O valor mínimo de doação para quem quer receber uma recompensa é de R$ 30, e vai até R$ 10 mil, faixa destinada a empresários que queiram anunciar nos telões. Mas também é possível doar sem contrapartidas. “Tem gente que está doando quantias mesmo sem tirar as recompensas, pelo simples desejo de participar”, destaca Adhemar, que não descarta a apresentação de novas recompensas ao longo da campanha.

Um dos últimos cinemas de rua de Belo Horizonte

Aberto em 1992, o Cine Belas Artes está instalado juntamente com um café e uma livraria, em um prédio que foi a antiga sede do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), instituição a qual o edifício ainda pertence. O projeto foi concebido pelo arquiteto Sylvio de Vasconcellos e está localizado na Rua Gonçalves Dias, 1.581, no bairro Lourdes.

De acordo com Adhemar Oliveira, se no começo de sua história o Cine Belas Artes ainda disputava espaço com uma quantidade relativa de cinemas de rua em Belo Horizonte, ao longo dos anos, ele foi se tornando um dos únicos remanescentes a oferecer uma programação independente – fator que talvez tenha até aumentado seu protagonismo. Atualmente, o espaço tem três salas para exibição de filmes independentes de diferentes países.

Saiba como participar da campanha ‘SOS Belas Artes’

Para contribuir com o cinema, basta acessar a página da campanha no site Benfeitoria e escolher uma das faixas de apoio ou optar por uma contribuição livre. Depois disso, é necessário fazer o cadastro e selecionar o meio de pagamento.

Recomendamos para você

Comentários

Assinar
Notificar de
guest
0 Comentários
Comentários em linha
Exibir todos os comentários
0
Queremos sua opinião! Deixe um comentário.x