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Cinema no SESC – Documentário aborda a questão do trabalho no País

10/01/2020 00h02 - Atualizado há 4 anos Publicado por: Redação
Cinema no SESC – Documentário aborda a questão do trabalho no País Foto: Divulgação

O Sesc inicia a mostra do cinema contemporâneo produzido por diretores pernambucanos. Os cineastas Marcelo Gomes, Gabriel Mascaro e Kleber Mendonça Filho têm se destacado com seus filmes. “Joaquim”, “Estou me guardando para quando o Carnaval Chegar”, “Divino Amor” e “Bacurau” -que conta também com a assinatura de Juliano Dornelles- compõem sessões.
Domingo, às 17h30 será exibido o longa “Estou me guardando para quando o carnaval chegar” produção brasileira de 2019 dirigida por Marcelo Gomes. A entrada é gratuita, mas os interessados devem retirar -até 2 ingressos por pessoa- com 1h de antecedência. O filme não é recomendado para menores de 10 anos.
A história narra o cotidiano da cidade de Toritama é um microcosmo do capitalismo implacável: a cada ano, mais de 20 milhões de jeans são produzidos em fábricas de fundo de quintal. Os moradores trabalham sem parar, orgulhosos de serem os donos do seu próprio tempo. Durante o Carnaval – o único momento de lazer do ano -, eles transgridem a lógica da acumulação de bens, vendem seus pertences sem arrependimentos e fogem para as praias em busca de uma felicidade efêmera. Quando chega a Quarta-feira de Cinzas, um novo ciclo de trabalho começa.
Depois de ser exibido na mostra Panorama da Berlinale, em fevereiro de 2019, e de participar logo em seguida do Festival É Tudo Verdade, onde recebeu menção honrosa do júri oficial. O filme foi considerado melhor produção brasileira pelo júri da Associação Brasileira de Críticos de Cinema.
Para a jornalista do site Críticos Maria Caú, o longa segue um formato bastante corrente na atualidade – o documentário-ensaio que parte das experiências do realizador para abordar temas mais amplos e socialmente relevantes –, mas prova que o modelo, que parecia um pouco desgastado e repetitivo nos últimos anos, não se esgotou de forma alguma.
“Retornando à cidade de Toritama, no interior de Pernambuco, Gomes encontra um povoado muito diferente da pasmaceira que ele conhecera menino, ao lado do pai caixeiro-viajante. Ali se instalou um polo de fabricação de jeans, ofício com o qual trabalha hoje, direta ou indiretamente, a grande maioria dos habitantes da cidade, com suas pequenas e mal ordenadas casas convertidas em oficinas no interior das quais as horas de labor se estendem madrugada adentro”, traz o seu texto para o site Críticos (criticos.com.br).
Esses operários, que não têm direitos trabalhistas e ganham apenas por produção, precisam sacrificar qualquer espaço de lazer para alcançarem uma renda digna, e vivem com a ilusão de estarem inseridos num sistema justo, em que “dependem apenas de seu próprio esforço”. Quando opta por deixar que eles falem sobre as “maravilhas” desse esquema sem confrontá-los diretamente, o diretor revela suas muitas incongruências com mais força do que se fizesse um filme panfletário ou de discurso muito marcado.
Assim como eles, o espectador tem a possibilidade de paulatinamente ganhar consciência da crueldade de um sistema de trabalho que trata as pessoas como máquinas – e uma das sequências mais impactantes é aquela em que Gomes decupa os movimentos repetitivos das máquinas de costura e evidencia a angústia que repara neles (e aqui é fácil lembrar da crescente maquinização de Carlitos à fábrica de Tempos modernos).

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