Empresários de mais de 100 festivais de música do país assinam manifesto
Os responsáveis por mais de
100 festivais de música no Brasil estão se mobilizando para discutir as saídas
para os eventos diante de um mercado de futuro ainda incerto. Desde que as programações
foram canceladas com o início da pandemia no País, muitas datas foram
transferidas para o ano de 2021 e várias outras canceladas. De acordo com um
levantamento feito pela empresa Data Sim, em março de 2020, 536 companhias
fizeram o adiamento ou cancelamento de mais de oito mil eventos de música ao
vivo em 21 estados do Brasil. O público projetado para esses encontros é de 8
milhões de pessoas, acumulando um prejuízo direto de R$ 483 milhões e afetando
cerca de 20 mil profissionais.
Assim, se os resultados forem ampliados para
todas as 62 mil MEIs da “música ao vivo” (empresas individuais de
produção e sonorização e iluminação), os prejuízos podem chegar a R$ 3 bilhões
e afetar um milhão de trabalhadores. Com previsões tão duras, um grupo de empresários
do meio lançou nesta segunda (25) um manifesto para chamar a classe à
mobilização e colocar o problema nas rodas do poder. A ideia é, em um primeiro
momento, formalizar apoio à Lei de Emergência Cultural, que está em tramitação
no Congresso Nacional. Uma agenda de encontros com parlamentares e gestores
públicos para discutir propostas e soluções para o setor será agendada para os
próximos dias, segundo os organizadores do grupo. A associação dos festivais
irá realizar uma grande conferência nacional para o final de junho, quando
pretende levantar um conjunto de propostas e um calendário unificado para os
eventos que acontecerão em 2021.
Leia a íntegra do texto divulgado pelo setor e,
ao final, os nomes dos festivais envolvidos:
MANIFESTO FESTIVAIS UNIDOS EM TEMPOS DE CRISE
Quem já foi a um evento, viu um show
inesquecível e apreciou tantos momentos bons em um festival de música? Hoje,
diante da maior crise de nossa geração, e pelos efeitos da pandemia estes
momentos foram interrompidos.
E pelo apreço à música, à amizade e à união de
artistas, técnicos e produtores que viemos dizer que os festivais não podem e
não vão acabar.
Porque acreditamos que somente com a força
coletiva é possível se enfrentar as adversidades e problemas do presente e do
futuro
Porque os festivais são imprescindíveis não só
para a música brasileira, mas para toda a sociedade.
Porque temos uma uma história riquíssima de
trabalho coletivo que merece ser valorizada.
Porque precisamos valorizar instituições que
possam nos representar e assim ajudar a qualificar a nossa democracia
Porque queremos compartilhar os conhecimentos e
tecnologias que foram desenvolvidas nesta trajetória por cada festival.
Porque é preciso reinventar as relações
econômicas e descentralizar as oportunidades e riquezas produzidas.
Porque temos compromisso com todos os
profissionais que juntos fazem um festival acontecer.
Porque amamos a música e por isso acreditamos na
sua força para acelerar essas mudanças que queremos.
Os festivais vão continuar. E este é o compromisso
que assumimos ao nos colocar na linha de frente de uma discussão que busca
manter os festivais vivos, em um contexto difícil, nunca antes vivido pelo
Brasil.
Sabemos que isso vai passar, mas se não
estivermos juntos estaremos mais distantes dos compromissos que seguem sendo a
grande força para a nossa união: o compromisso com as cenas locais, compromisso
com a continuidade e o desenvolvimento destas cenas musicais, a troca de
tecnologias e saberes para a criação de uma inteligência coletiva que nos oriente
e nos permita enfrentar todos os desafios que estão colocados para a música e a
democracia brasileira.
Os festivais se unem e caminharão juntos a
partir de agora. E nossa primeira luta conjunta é a defesa da Lei de Emergência
Cultural! #VotaEmergenciaCultural #FestivaisUnidosBR.