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Grazi prova ter talento em “Billi Pig”

01/03/2012 17h55 - Atualizado há 12 anos Publicado por: Redação
Grazi prova ter talento em “Billi Pig”

Uma mulher sem talento, mas que sonha a todo custo ser uma grande atriz. Seu marido, um vendedor de seguros fracassado, mas que não mede qualquer esforço para realizar os desejos de sua amada. Um porco de brinquedo falante, dotado de mais bom senso do que o casal.

Em seu mais novo filme, sua primeira investida em comédias, o diretor cult José Eduardo Belmonte (“Se Nada Mais Der Certo”) mira nas massas, retoma a chanchada e consegue alguns acertos, num filme um pouco irregular.

A maior qualidade está em sua protagonista, Grazi Massafera, que estreia para valer no cinema (depois de uma pequena participação em 2006 num filme com Renato Aragão). Ela é Marivalda, a dondoca de subúrbio sem qualquer talento ou esperteza, mas com o desejo de ser atriz.

Logo na primeira cena, ela aparece numa cerimônia recebendo um prêmio. Não se trata de uma premiação, mas de magia. Com a estatueta em mãos, a moça diz não medir esforços para alcançar seu objetivo. Mas o preço é alto: o sacrifício de seu xodó, o porco de brinquedo que dá nome ao filme.

Quando acorda desse pesadelo, ela dá bom dia à sua realidade suburbana, com o marido, Wanderley (Selton Mello), que não vende seguros há anos e mantém um escritório com duas secretárias no quintal de casa.

Não muito longe dali, o padre Roberval (o grande Milton Gonçalves) opera milagres, ganha um dinheirinho com isso e mantém um caso com uma jovem (Raquel Villar). O que irá unir os dois personagens é um traficante (Otávio Muller, de “Reis e Ratos”), cuja filha (Aimée Espinosa) entra em coma depois de levar um tiro num concurso de beleza.

Belmonte, que assina o roteiro com Ronaldo D´Oxum, vai buscar sua inspiração nas chanchadas para injetar um certo excesso nas situações e personagens.

Mas, dado o contexto da história, nem sempre acerta num certo tipo de humor que prima por levar quase ao limite. O porco falante, que dá conselhos a Marivalda, é a voz de sua consciência, é aquilo que ela gostaria de fazer (abandonar o marido, entre outras coisas) e não tem coragem.

O Billi Pig funciona mais como um catalisador que dá início às mudanças na vida de Marivalda do que como um elemento na trama. É uma pena, porque ele começa o filme cheio de um potencial que vai se esgotando antes de chegar ao fim.

Talvez resida aí o ponto fraco de “Billi Pig”: seus personagens são um tanto irregulares. Alguns deles não se sustentam dramaturgicamente dentro da trama.

O caso mais gritante é Dona Generosa – interpretada pela cantora Preta Gil-, que é mãe da garota com quem o padre tem um caso. Dona de uma funerária, ela caça possíveis clientes com a ajuda de seu funcionário (Milhem Cortaz), que sai às ruas procurando acidentados e afins.

As duas personagens jamais se justificam dentro desse universo, nem suas cenas cômicas são muito engraçadas, apenas estranhas.

Disso tudo emerge Grazi com um talento para comédia.

Em “Billi Pig”, ela está na medida certa. É a garota sonhadora, um tanto ingênua e não muito esperta. Suas cenas ‘estudando’ “Um ‘trem’ chamado desejo” (como ela chama “Um Bonde Chamado Desejo”, de Tennessee Williams), ou um teste no qual é esculachada por três grandes atrizes (Monique Lafond, Cassia Kiss e Sandra Pêra), mostram todo o potencial cômico de “Billi Pig”. E o sobrenome artístico da personagem é um achado: Montenegro Duarte.

Toda vez que “Billi Pig” se desvia para a trama do traficante e seus capangas (que inclui o ótimo Murilo Grossi), o filme se dilui. Quando o longa se volta para chanchada, com números musicais propositalmente cafonas, e quando charme e o carisma de Grazi roubam a cena, nessas horas “Billi Pig” justifica a sua existência.

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