Médico diz como doença do beijo pode ser evitada no carnaval
O
carnaval começa daqui a oito dias em todo o Brasil. Para brincar com
segurança, os foliões devem estar atentos para não pegar
mononucleose, conhecida como doença do beijo, cujo risco de infecção
cresce nessa época.
É
uma doença infectocontagiosa, causada por um vírus, de
características clínicas brandas, que provocam um quadro de febre,
mal-estar com adenomegalias, isto é, gânglios principalmente ao
redor do pescoço e dor de garganta.
“A
doença é causada pelo vírus Epstein-Barr (VEB), de fácil
transmissão de pessoa a pessoa. Por isso, ela é conhecida como
doença do beijo”, disse nesta
quinta-feira
(13) o médico da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro
(SES), sanitarista Alexandre Chieppe.
Esclareceu que, na
verdade, a doença não é transmitida pelo beijo em si, mas por
contato íntimo com secreções respiratórias de uma pessoa
infectada. “É esse contato íntimo que faz a transmissão do vírus
que causa a doença” afirmou.
O beijo é uma forma de contato
íntimo, que facilita a propagação do vírus. A doença é
transmitida de maneira semelhante à gripe, ao resfriado comum, pelo
contato com secreções de pessoas contaminadas. “E, às vezes, não
é só pelo contato direto com secreções. Pode ser pelo contato
indireto, através de superfícies contaminadas em que a pessoa
coloca a mão, leva a mão à boca, à mucosa dos olhos ou do nariz e
aí pode haver infecção”, explicou.
Avaliação
O
médico explicou que a grande maioria das pessoas transmite a
mononucleose em sua forma aguda. O grande problema das doenças
infectocontagiosas é que, na sua fase inicial, elas são muito
semelhantes.
Os sintomas clínicos são muito difíceis de serem
diferenciados no estágio inicial, explicou Chieppe. Daí a
recomendação para que a pessoa procure um serviço de saúde e faça
uma avaliação inicial, com acompanhamento médico.
“A
mononucleose não é uma doença grave, na maioria das vezes. Mas
pode ser confundida com outras doenças que podem ser graves”,
alertou. Essa doença não costuma ser grave em pessoas que têm o
sistema imunológico preparado.
Como toda doença de transmissão
respiratória, há medidas de precaução que devem ser adotadas,
entre as quais, lavar as mãos com frequência, utilizar álcool gel
nas mãos, cobrir a boca e o nariz ao espirrar para evitar que as
secreções expelidas entrem em contato com o ambiente e evitar
locais de grande aglomeração pouco ventilados.
“São
medidas que ajudam a prevenir as doenças de transmissão
respiratória. Obviamente, são aliadas. Junto a isso, uma vez com os
sintomas da doença, a pessoa deve procurar ajuda médica até para
poder descartar doenças mais graves”, sugeriu o médico.
Riscos
Ele
observou que carnaval sempre existiu, da mesma forma que
mononucleose. Por isso, no meio da euforia, cada pessoa deve avaliar
o risco, sabendo que as doenças respiratórias podem ser
transmitidas pelo contato íntimo. A dica é que cada um tome a sua
decisão informado dos riscos e das possibilidades de transmissão de
doença.
“Mas
que aproveite o carnaval com os cuidados necessários, de modo a
evitar doenças de transmissão respiratória e outras doenças
sexualmente transmissíveis, como HIV (sigla em inglês do vírus da
imunodeficiência humana), sífilis e as hepatites virais
transmitidas por contato sexual” disse.
Chieppe afirmou,
ainda, ser recomendável que utensílios de uso pessoal, como pratos,
talheres e copos não sejam compartilhados com outras pessoas. A
razão para isso é que muitas das doenças infectocontagiosas podem
ser transmitidas, inclusive, por pessoas que, às vezes, não
apresentam sintomas de doença nenhuma. Daí a sugestão para, sempre
que possível, evitar compartilhamento de objetos pessoais com amigos
e com o maior número de pessoas. “Isso, obviamente, aumenta o
risco de transmissão de doenças infectocontagiosas”, concluiu o
sanitarista.
Já a infectologista Flávia Cunha Gomide afirmou
que os sintomas da doença costumam perdurar de duas a quatro
semanas. Esclareceu que “não há um tratamento específico para
a doença do beijo. Geralmente, são indicados repouso e medicamentos
que amenizam os sintomas”.
Segundo a médica, ter hábitos
saudáveis, fazer exercícios, boa alimentação e horas adequadas de
sono aumentam a resistência do folião para se defender contra
infecções no carnaval.