Morre Joel Schumacher, diretor de ‘Batman’
O cineasta americano Joel
Schumacher, diretor de filmes como Batman Eternamente (1995) e Batman &
Robin (1997), morreu na última segunda-feira (22) aos 80 anos. O portal Wrap,
citando seu representante, disse que Schumacher sofria de câncer (sem
especificar), enquanto a revista Variety detalhou que ele morreu em Nova York,
nos Estados Unidos.
Nascido em 1939, Schumacher estudou design de interiores e,
logo na faculdade, teve sucesso como decorador das vitrines da loja de
acessórios Henri Bendel. Ele iniciou sua carreira em Hollywood como
figurinista, trabalhando no filme O Dorminhoco, dirigido por Woody Allen, em
1973. O passo seguinte foi escrever roteiros para longas como Car Wash: Onde
Tudo Acontece, de 1976, e O Mágico Inesquecível, de 1978, a versão de Sidney
Lumet para O Mágico de Oz, com Diana Ross e Michael Jackson, antes de fazer sua
estreia na direção com a sátira estrelada por Lily Tomlin, de 1981, A Incrível
Mulher que Encolheu.
Aos poucos, ele foi colecionando sucessos, especialmente com
filmes direcionados ao público jovem, como O Primeiro Ano do Resto das Nossas
Vidas (1985), Os Garotos Perdidos (1987), clássico vampiresco teen com Corey
Haim, Corey Feldman e Kiefer Sutherland, e Linha Mortal, de 1990, em que o
diretor usou suas habilidades elegantes para trazer esse drama médico à vida de
uma forma vibrante.
Com o Primeiro Ano…, aliás, que lhe rendeu um tremendo
sucesso, nasceu o que foi logo chamado de Brat Pack, alcunha – que Schumacher
não apreciava – para um conjunto de atores daquele filme e de outro, O Clube
(1985) que logo se tornaram estrelas como Demi Moore, Rob Lowe, Ally Sheedy,
Judd Nelson e Emilio Estevez, entre outros.
Nos anos 1990, Schumacher se tornou um dos diretores mais
famosos de Hollywood, emendando uma série de sucessos de público (mas nem
sempre de crítica), como Um Dia de Fúria, de 1993, Batman Eternamente, de 1995,
Tempo de Matar, de 1996, Batman & Robin, de 1997, e 8 mm: Oito Milímetros,
de 1999.
Schumacher dirigiu dois filmes com Julia Roberts, logo que
virou estrela: Linha Mortal e Tudo Por Amor. Provocou polêmica com Um Dia de
Fúria, em que Michael Douglas, como representante da maioria silenciosa, pega
em armas contra imigrantes. E, nos dois filmes da série com o Homem-Morcego,
escalou dois atores diferentes no papel, Val Kilmer e George Clooney. O mais
notável, para muitos críticos, foi o fato de herói ter os mamilos definidos em
seu disfarce – e, se Clooney chegou a afirmar que interpretava um personagem
gay, Schumacher garantia que não tinha sido essa a condução de sua direção.
Em meados dos anos 1990, em visita ao Brasil, ele contou
como, quando garoto, ficou marcado pela morte do pai. O tema da morte tornou-se
obsessivo em seus filmes. Linha Mortal é sobre jovens que realizam experimentos
sobre a vida após a morte. Tudo por Amor é sobre uma linda mulher (Julia)
contratada para acompanhar um homem que está morrendo.
Schumacher era gay assumido, mas não ativista. Deu uma
entrevista que repercutiu muito, dizendo que não entendia essa nova geração de
gays que sonha levar a vida a dois, como casais héteros. Contabilizava ter tido
entre 20 mil e 30 mil parceiros sexuais ao longo da vida. No Brasil, riu muito
ao declarar que tinha sido necessário alargar o uniforme de Batman para que se
ajustasse ao ator Val Kilmer. Não adiantou. Kilmer declarou recentemente que
desistiu do papel porque achava o uniforme muito desconfortável.
Schumacher não era o que se poderia chamar de grande diretor,
mas conheceu grandes sucessos. Fez duas eficientes adaptações da obra do
escritor de best-seller John Grisham, O Cliente e Tempo de Matar. Dirigiu a
adaptação do cultuado musical O Fantasma da Ópera, dividindo a opinião dos fãs,
alguns insatisfeitos com suas decisões consideradas românticas demais.
Seus créditos mais recentes incluíram Tigerland – A Caminho
da Guerra, de 2000 – que contou com uma atuação estrelada por Colin Farrell -,
Por um Fio, de 2002, e Número 23, de 2007.