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Morre o sambista Riachão, aos 98 anos, em Salvador

31/03/2020 00h06 - Atualizado há 4 anos Publicado por: Redação
Morre o sambista Riachão, aos 98 anos, em Salvador Foto: Daniela Carvalho / Divulgação

Baiano é autor de clássicos como ‘Cada macaco no seu galho’ e ‘Vá morar com o diabo’

O cantor e compositor Riachão morreu ontem (30), aos 98 anos, em Salvador. Nascido na capital baiana, em 1921, ele era um dos mais importantes sambistas do país.  Entre suas composições famosas está “Cada macaco no seu galho”, lançada em 1972 nas vozes de Caetano Veloso e Gilberto Gil em gravação editada em compacto, e “Vá morar com o diabo”, popularizado na voz de Cássia Eller para o álbum “Acústico MTV”. O sambista se preparava para lançar um álbum com músicas inéditas e clássicos ainda em 2020.
Depois de Caymmi, Riachão foi o primeiro compositor baiano a gravar no Rio, ainda na década de 1950, por meio de Jackson do Pandeiro. Seus sambas sempre foram contundentes e divertidos: ‘Essa turma que trabalha muito cedo/ vem a fome que faz medo/ e faz a barriga roncar/ vai no caixa compra tique/ pega tique/ leva o tique/ dá o tique para poder almoçar’, cantou na faixa “Eu também quero” em seu disco de 1973.
No ano anterior, após sua “Cada macaco no seu galho” ter sido gravada por Caetano Veloso e Gilberto Gil, que voltavam do exílio, teve a canção ‘Barriga vazia’ censurada pela ditadura: ‘Eu, de fome, vou morrer primeiro / você, de barriga, também vai morrer um dia’.
Após um hiato de quase 20 anos, Riachão gravaria um CD somente em 2001, quando dividiu faixas com nomes como Caetano Veloso e Dona Ivone Lara. Todos os seus maiores sucessos foram registrados. No mesmo ano, o sambista baiano ganhou mais visibilidade quando Cássia Eller gravou, em seu “Acústico MTV”, a canção “Vá morar com o diabo”: “Ai, meu Deus, ai, meu Deus o que é que há/ Ai, meu Deus, ai, meu Deus o que é que há/ A nega lá em casa não quer trabalhar/ Se a panela tá suja, ela não quer lavar/ Quer comer engordurado, não quer cozinhar/”.
Ainda em 2001, Riachão foi objeto do documentário “Samba Riachão”, dirigido pelo cineasta e músico baiano Jorge Alfredo.
Em entrevista ao GLOBO, em 2017, o sambista usou da lógica incontestável e peculiar presente em muitas de suas composições ao comentar as diferenças entre o samba baiano e o das outras partes do Brasil, especialmente o Rio:
— O pai do samba foi a Bahia, porque foi na Bahia que nasceu o samba, que foi na Bahia que nasceu o Brasil, e o samba veio do Brasil, então qualquer parte deste mundo que cantar samba, o pai dele é a Bahia — afirmou Riachão.

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