Oportunidade para se conhecer ‘Leila Diniz’
Agora que a minissérie Todas
as Mulheres do Mundo, de Jorge Furtado, está disponível no serviço da GloboPlay
(depois que o primeiro episódio foi exibido pela Globo), vale rever o filme de
Luiz Carlos Lacerda, apelidado de Bigode, sobre a Leila Diniz que ele conheceu
e foi a musa inspiradora do escritor, cineasta e ator Domingos Oliveira em seu
filme clássico, justamente intitulado Todas as Mulheres do Mundo, de 1966. O
próprio Bigode coloca-se como personagem e Louise Cardoso assume o desafio de
viver a mulher que foi libertária.
Em 1987, Louise foi melhor atriz e Paulo César
Grande melhor coadjuvante no Festival de Brasília, justamente pelo filme Leila
Diniz, que será possível rever no Canal Brasil, às 22h30 desta quinta, 7. Se há
uma coisa que o cinema brasileiro aprendeu a fazer desde a Retomada dos anos
1990 foram as biografias. Foram muitas, e boas. Não eram frequentes quando
Bigode se voltou para o próprio passado, já que ele, interpretado por Diogo
Vilela, também vive intensamente aquele momento de transformação, apesar da ditadura.
Para o público que sintonizar hoje no canal
brasileiro, será no mínimo curioso (re) ver figuras que pertencem à história,
recriadas a partir de sua ligação com Leila. Depois de inspirar Domingos
Oliveira, ela viveu histórias com Toquinho e Ruy Guerra, foi à praia, grávida,
de biquíni – numa época em que as mulheres escondiam a barriga, daí o escândalo
provocado pela sua fotografia -, teve uma fase como jurada no programa do
apresentador Flávio Cavalcanti, amou e viveu com paixão. Morreu, trágica e precocemente,
num acidente de avião, em 14 de junho de 1972, aos 27 anos, quando voltava de
uma viagem à Austrália.
Carlos Alberto Riccelli faz Domingos, Antônio
Fagundes é Ruy Guerra, Paulo César Grande é Jece Valadão e Rômulo Arantes e
Denis Carvalho interpretam Toquinho e Flávio Cavalcanti, respectivamente. Pedro
Bial e Sérgio Cabral aparecem como eles mesmos. E Marieta Severo e Tony Ramos
fazem os pais de Leila.
Como se gestou, numa família como as outras, de
classe média, essa mulher tão especial? O filme transmite um sonho de
liberdade, necessário no atual momento. Nas entrelinhas, oferece, segundo
escreveu o Estadão, há 33 anos, “uma crítica sutil às realidades do Brasil
e de Cuba”.