20 de Abril de 2024

Dólar

Euro

Cultura

Jornal Primeira Página > Notícias > Cultura > Perturbador e perigoso, Parasita é o melhor filme que você vai ver em 2019

Perturbador e perigoso, Parasita é o melhor filme que você vai ver em 2019

22/11/2019 00h02 - Atualizado há 4 anos Publicado por: Redação
Perturbador e perigoso, Parasita é o melhor filme que você vai ver em 2019 Foto: Reprodução

Parasita é um filme perigoso. O sul coreano Bong Joon-Ho criou uma sátira social que não se contenta em ser colocada em uma caixa. É um caleidoscópio de tom e de intenção, com o diretor conduzindo a narrativa com precisão operística. É ousado ao passear por diversos gêneros sem nunca se ater a nenhum. É engraçado de maneira nervosa, romântico em sua constante tensão, aterrorizante em seu realismo brutal.
O ponto de partida relativamente simples desdobra-se sem gordura e com velocidade: como a família Kim, aninhada no estrato mais baixo da sociedade coreana, consegue inserir-se, como um vírus, no coração da família Park, que, no outro extremo, representa a elite endinheirada do país.
A primeira metade de Parasita sugere uma comédia nervosa em que os pobres, uma vez insinuados na vida dos ricos, percebem que talvez eles pertençam àquele lugar. A sensação é ampliada quando os Park viajam para o campo em um fim de semana, deixando os impostores experimentando a boa vida, em uma casa bem acima do nível da rua, cercada de árvores, idilicamente deslocada da realidade das ruas de Seul.
Bong em nenhum momento busca a sutileza. A chuva torrencial que transborda o esgoto no cubículo subterrâneo que os Kim chamam de lar não é nada metafórica: é a perda real do senso de humanidade, é perceber que não há malandragem ou esquema quando o mundo mostra sua faceta mais crua. O cineasta também é direto ao mostrar que nada disso sequer registra para quem eleva-se bem acima do nível da água, montados em uma torre de dinheiro, de futilidade e de ignorância.
Ainda assim, em nenhum momento Parasita coloca os ricos como os vilões – não se furta a apontar que eles definitivamente são parte do problema. Se os “parasitas” parecem ser a princípio a família de golpistas que se entranham no cerne de um núcleo familiar da alta classe, o conceito parece ser fluido, mudando de perspectiva ao longo da narrativa. Bong vai além do simplismo de “ricos ignorantes, pobres malandros”: seu filme é sobre perspectivas, sobre auto imagem, sobre camadas sociais quase imperceptíveis que se mostram abissais.
SERVIÇO
PARASITA
Em exibição no Cine São Carlos: quinta, sexta, segunda e terça-feira às 16h e sábado, domingo e quarta-feira às 19h.

Recomendamos para você

Comentários

Assinar
Notificar de
guest
0 Comentários
Comentários em linha
Exibir todos os comentários
0
Queremos sua opinião! Deixe um comentário.x