Renée Zellweger brilha na cinebiografia de Judy Garland
O elenco traz Renée Zellweger que ganhou o Oscar pela atuação, ao lado de Jessie Buckley, Finn Wittrock e Darci Shaw.
O filme está em cartaz no Cine São Carlos Na último sábado (22), hoje, domingo (23) e quarta-feira (25) às 16 horas.
Confira a seguir a crítica ao filme feita pela jornalista Por Etienne Jacintho para o jornal O Tempo
Judy: Muito Além do Arco-Íris’ traz história que mostra glória a alto preço
Por Etienne Jacintho
Judy Garland (1922-1969) cresceu literalmente num mundo de fantasia. Porém, em vez de se chamar “Oz” (ela tornou-se célebre no papel de Dorothy Gale, em 1939), esse lugar é conhecido como Hollywood. O filme “Judy: Muito Além do Arco-Íris”, que estreia hoje em Belo Horizonte, é um belo retrato de como a indústria do cinema constrói uma imagem, sem se importar com as consequências futuras. E como ela também é capaz de destruí-la, sem nem mesmo tentar repará-la. No longa de Rupert Goold, a crítica a Hollywood vem de forma crua, sem rodeios, e a pressão e o assédio moral do produtor Louis B. Mayer – que foi vice-presidente da MGM – sobre a ainda adolescente estrela de “O Mágico de Oz” são uma representação do mal que a indústria cinematográfica fez às suas estrelas.
Judy tinha de seguir as regras dos executivos, afinal “sempre existe alguém mais bonita, com o nariz menos bruto e porte mais esbelto”. No entanto, para os fotógrafos e fãs, o estúdio vendia Judy como uma garota normal, que come hambúrguer, corta um bolo de aniversário junto com a equipe amorosa e ainda por cima leva uma vida de conto de fadas, pois tem o “privilégio” de fazer cinema.
Nos bastidores, porém, os produtores entopem Judy com remédios para dormir, para não dormir, para comer… O vício de muitas celebridades da era de ouro de Hollywood em pílulas começou cedo e dentro do set.
Esses detalhes sobre a vida de Judy Garland estão no filme que retrata bem as mudanças repentinas de humor, a solidão e a paixão pelo palco. Renée Zellweger, que dá vida à estrela (e é favorita ao Oscar de melhor atriz; o longa ainda concorre na categoria melhor maquiagem), consegue transmitir ao espectador todas as dores, as alegrias, as inseguranças e o amor que Judy tinha pelos seus filhos e pela sua vida – quando não estava sob efeito de pílulas e álcool. Renée defende bem sua personagem, tanto na caracterização física quanto na interpretação. Nas apresentações musicais, a atriz emociona. Não por acaso, já coleciona prêmios, entre eles o Globo de Ouro, o Prêmio do Sindicato dos Atores (SAG) e o Critics Choice.
Enredo. O filme, baseado no musical criado por Goold para o teatro, acompanha a estrela já desprezada por Hollywood durante uma turnê em Londres. Durante essa viagem, Judy tem de lidar com assuntos sérios mesmo longe de casa. Enquanto a guarda dos filhos mais novos está em risco – a primogênita Liza Minnelli já era adulta e estava entrando no showbiz –, ela inicia um novo casamento e tem esperanças de, enfim, ter mais segurança e estabilidade financeira.
Em Londres, Judy mostra seu lado diva e canta os clássicos de sua carreira, mas a solidão também a joga em um lugar de desespero. Ao escolher esse recorte da turnê inglesa, Goold traça todos os ângulos de Judy e fecha as cortinas com a estrela em alta, sem mostrar seu fim – um desfecho tão previsível como o de muitas outras artistas que mostraram no palco que, fora dele, a vida era insustentável.
Atuação. Renée Zellweger já tinha feito musicais, como “Chicago” (2002), que lhe rendeu uma indicação ao Oscar, mas fez aulas de canto para alcançar o estilo vocal de Judy Garland, além de trabalhar a expressão corporal para conseguir a postura curvada da atriz. Ela também assistiu a vídeos.
