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Romance de Deonísio da Silva foi considerado o melhor de 2012

09/01/2013 11h05 - Atualizado há 11 anos Publicado por: Redação
Romance de Deonísio da Silva foi considerado o melhor de 2012

No último mês de dezembro, o escritor e professor universitário, doutor em Letras pela USP e colunista do jornal Primeira Página, Deonísio da Silva, foi contemplado com o Prêmio de Melhor Romance de 2012 pela Academia Catarinense de Letras com a obra “Lotte & Zweig”. O livro que foi lançado em fevereiro de 2012 já teve uma segunda reimpressão e será publicado na Itália em 2013.

 

Em entrevista ao jornal Primeira Página, Deonísio da Silva, que possui trinta e quatro livros publicados, fala sobre a sua trajetória, seu trabalho como escritor e sobre seu último romance “Lotte & Zweig”. De acordo com o autor, o caminho até a consagração não foi fácil, porém seu amor pela escrita e objetivo em propagar a cultura não o fez desistir.

“Foi bastante difícil nos primeiros anos, mas depois, com as sucessivas reedições, prêmios nacionais e internacionais, meu lugar na literatura brasileira se consolidou. Gosto do que faço. Escrever é um prazer. Como sempre olhei para frente na vida e não para trás, não vou ficar revisando o que São Carlos não fez pelas letras. Vou ficar de olho e esperançoso no que poderá fazer. Gramado é pequenina e sedia o mais importante festival de cinema do Brasil e Parintins faz a mesma coisa com o folclore. Apresentei há muitos anos um projeto cultural para São Carlos: ele foi recusado sem sequer ser lido, um desrespeito. Mas depois vi que não era nenhuma surpresa”, desabafa Deonísio.

O romance “Lotte e Sweig” conta a trajetória do casal Stefan Zweig e sua mulher, Charlotte Elizabeth. Depois de fugir da Áustria em 1940 na época tomada pela Alemanha Nazista, o casal encontrou refúgio em terras brasileiras, porém por pouco tempo. Ambos foram encontrados mortos em sua casa em Petrópolis, logo após o carnaval de 1942. Enquanto o contexto político da época indicava um assassinato, uma carta deixada por Zweig, na qual ele se mostrava sem energia para continuar vivendo, levanta a possibilidade de ele ter se suicidado.

“No romance anterior, ‘Goethe e Barrabás’, meus temas tinham sido as más escolhas que fazemos na vida. Neste, o resultado delas. Muitos escolheram o fascismo e o nazismo. Hitler e Mussolini chegaram ao poder pelo voto. Olha no que deu. Stefan Zweig e sua mulher, Charlotte, foram ‘suicidados’ no país do futuro, o Brasil. O futuro para eles foi a morte. Seus corpos estão lá no cemitério de Petrópolis, uma cidade construída à semelhança de lindas cidades europeias, principalmente semelhante a Viena, na Áustria, onde ele nasceu. Zweig era judeu-austríaco. Lotte era judia-polonesa”, conta o autor Deonísio da Silva.

 

Saiba mais sobre o trabalho de Deonísio da Silva

Natural de Santa Catarina, o escritor brasileiro Deonísio da Silva viveu durante 22 anos em São Carlos, onde liderou a fundação do Curso de Letras da UFSCar, a Editora Universitária, a primeira cadeira de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa, entre outros trabalhos. Além disso, realizou importantes pesquisas, escreveu livros e mais de mil colunas para a revista Caras. Já para o Jornal Primeira Página foram mais de três mil colunas.

“Eu adoro escrever no Primeira Página, escrevo nele desde seus primeiros números. Minhas crônicas selecionadas do jornal deram o livro ‘A Placenta e o Caixão’. O título diz que numa embalagem, a placenta viemos a este mundo, e na outra voltaremos, ou seja, o caixão. Tive pressa de vir, nasci de 6 meses e meio, mas não tenho pressa de voltar”, brinca Deonísio.

“Cada são-carlense poderia ter um exemplar deste livro. E aqueles que não podem comprar, poderiam recebê-lo de graça. Nem quero os direitos autorais de uma edição assim, só quero que todos degustem os pratos que todo domingo o Primeira Página serve aos assinantes e aos outros leitores do jornal”, relata o autor.

Sobre a última premiação, Deonísio diz: “Ser premiado em Santa Catarina, minha terra natal, é de uma doçura ímpar”.

Deonísio da Silva também ganhou prêmios por ter vivido em Porto Alegre alguns anos, do ex-prefeito e atual governador Tarso Genro, e do ex-prefeito José Fogaça, os dois de partidos diferentes.

Ganhou um prêmio internacional num júri presidido pelo Prêmio Nobel José Saramago, o Casa de Las Américas, em Cuba, onde recebeu das mãos de Fidel Castro. O escritor finaliza. “Cultura é assim: deve estar acima e além dos partidos, das picuinhas, das hostilidades, das invejas enfim, livre das coisas malignas!”.

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