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Tempo de redescobrir a poesia de Homero Frei, um poeta autêntico

Cirilo Braga

27/09/2020 09h32 - Atualizado há 4 anos Publicado por: Redação
Tempo de redescobrir a poesia de Homero Frei, um poeta autêntico Fotos: Divulgação

A prolífica produção do poeta são-carlense Homero Frei merece ser revisitada pelos leitores, para aquilatar a importância da obra do mestre cujo falecimento completou 12 anos no último dia 21. Professor, escritor, e crítico literário, Homero Frei foi um poeta solar, cujos versos e prosas estão reunidos numa coleção de livros editados ao longo de mais de cinquenta anos. Desde O barco de argila (1958) até Só um homem só (2002), sua arte reluz nas edições de Lado alado (1973), O silêncio do Orfeu (1976), O interior do tempo (1995), Azul, claro! hai-kais (1997), O nome da vida (1997)e  Educação do acaso (2000) .

Entre muitos, dois poemas dão uma amostra do vigor de sua poesia.”Procuração” é o título desses versos: “Entre uma voz que sonha e outra que sabe/ O poema é apenas parte do silêncio/Que entra nos homens para que eles gritem/ Que sai do poeta para que ele nasça – /Ao fim do ramo das palavras mortas – /Terra, semente, sol e rosa!”

Em “Pátria Vocabular”, escreveu: “Quando a vida esqueceu que era um caminho/ Fiz de seus bens um Povo de Palavras/ E, seu primeiro líder, convoquei-as/Para a estranha assembleia da beleza/ Mandei semear o som/ Rasguei estradas/ No chão do amor/ Abri escolas de alma/Organizei o exército dos verbos/ E dei um Deus à trôpega Esperança!/ O estrangeiro que chega aos meus poemas/Passa em revista a Guarda das Imagens/E recebe a Grã-Cruz da Ordem do verso/Só não sabe que um dia eu fui deposto…/Desde esse dia esta nação floresce/Na fecunda traição do seu silêncio…”

Homero Frei concebia cada palavra como “a voz de uma semente/Feita de chuva adormecendo a terra;/Um sol exato que amanhece a gente/ Toda vez que doer nos anoitece”.

O compulsar das páginas dos jornais da cidade de décadas passadas, permite notar a generosidade do homem que partilhava com leitores dos periódicos os versos de alguém que teve a serenidade como aliada da inquietude.

Sua obra “Soneto Brancos” foi aclamada por Tristão de Athayde, que a seu respeito escreveu: “Não é objetivo. Nem subjetivo. Não é o seu Eu que encontro nesses poemas. Nem o mundo ambiente, sua paisagem, seus problemas. É a poesia como entidade entre o Eu e o Mundo. É dentro de duas medidas que eu chamaria de Metamorfose e de Multiversidade”.

Ainda Tristão de Athayde: “Homero Frei é, sem a menor dúvida, um poeta dos mais autênticos. Posso dizer um dos maiores. Coloca-se, a meu ver, na linha da Poesia Pura, como Paul Valéry a procurava”.

Nascido em São Carlos no dia 25 de abril de 1924, Homero Frei formou-se professor primário pela Escola Normal “Álvaro Guião” em 1948.Casou-se com Diva Rodrigues Frei com quem teve dois filhos: Marcos Frei e Fernando Frei. Homero ficou viúvo e posteriormente se casou com Rosa Isabel Lozano.

Ele atualmente é estudado e admirado por diversos linguistas. E deixou em São Carlos uma rica contribuição à educação e à cultura.

Entre 1961 e 1967 foi Chefe da Seção de Instrução Primária, Educação e Cultura (incluindo as escolas rurais) e também excepcionais. De 1968 a 1970 foi Chefe da Seção de Biblioteca, Museu histórico e Pinacoteca, responsável pela organização da Biblioteca, pelo ordenamento e catalogação dos livros. Em 1970 dirigiu o DEC e entre 1973 a 1983 foi Assessor do Conselho Municipal, em 1983 foi Assessor do DEC e em 1985 prestou serviços no Escritório Regional de Governo em São Carlos.

Em  2009, o Sistema Integrado de Bibliotecas de São Carlos (SIBI), ligado à Secretaria Municipal de Educação, na 5ª edição da Estação Leitura, prestou-lhe homenagem póstuma com a divulgação de sua vida e obra em todas as bibliotecas da cidade, um painel sobre o homenageado e exposição de livros de sua autoria.

Em 29 de novembro de 2014, foi inaugurada a CEMEI que leva o nome de Homero Frei, localizada na Rua Francisco Lopes, no bairro Santa Felícia, denominação oficializada pela Lei Municipal No.15.233/10. Ato justo de reconhecimento e gratidão que eternizou a lembrança inspiradora da valiosa participação do poeta na educação e cultura de sua terra natal.

O Coletivo Librum,  criado pelo Grupo de Literatura da UATI para realizar intercâmbio com escritores residentes em São Carlos e difundir livros editados na cidade, escolheu Homero Frei como o “Autor Homenageado” na segunda edição de seu “Festival do Livro”, programado para a semana de 4 a 8 de novembro.O evento será realizado com apoio do Proac (Programa de Ação Cultural) e parceria com  a TVE e o SIBISC (Sistema Integrado de Bibliotecas do Município de São Carlos).

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